sábado, 26 de junho de 2010

O Capitão José Porrate de Moraes Castro

João Felipe da Trindade (hipotenusa@digi.com.br)

Professor da UFRN e membro do IHGRN

O Capitão José Porrate veio para o Rio Grande do Norte, durante a Guerra dos Bárbaros, através do Terço Paulista comandado por seu parente, o Mestre de Campo Manoel Álvares de Moraes Navarro. Ele tinha ascendência, italiana, francesa, espanhola e portuguesa, como veremos abaixo.

Um dos casamentos transcritos pelo Major Salvador Coelho Drumond de Albuquerque do livro dos registros da Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação, hoje disponível no Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, é o de José Porrate de Moraes Castro que transpomos para cá.

Em primeiro de Março de 1707 anos na Capela do Senhor Santo Antonio do Potegi, em minha presença, se receberam com palavras de presentes, o Capitão José Porrate de Moraes Castro, natural de São Paulo, filho de Luiz Penedo Porrate, e de sua mulher D. Serafina de Moraes, com Dona Margarida da Rocha, filha do Capitão Teodósio da Rocha, e de sua mulher Dona Antonia de Oliveira, já defunta. Testemunhas o mesmo Capitão Teodósio da Rocha e o Capitão de Campo Manoel Alves de Moraes Navarro e dona Elena Berenguer mulher do Alferes Paschoal Gomes de Lima. Do que fiz este assento em que me assinei. O Vigário Simão Rodrigues de Sá.

No documento transcrito, o Major Salvador escreveu Purrete no lugar de Porrate e Teodoro no lugar de Teodósio. Acredito que houve erro de transcrição, pois os documentos salvos eram muito velhos. De qualquer forma fui procurar na Internet o sobrenome Porrate. Nessa procura, encontrei dentro do Projeto Compartilhar, sobre a Coordenação de Bartyra Sette e Regina Moraes Junqueira, os testamentos de Catharina Ribeira e do seu marido o Capitão Mor e Governador da Capitania de São Vicente, Antonio Ribeiro de Moraes

O casal acima não teve filhos, e, por isso, destinou seus bens aos parentes colaterais. Entre esses parentes estavam Luiz Porrate Penedo (há inversão na ordem dos sobrenomes, diferentemente do que aparece no casamento acima) por sua mulher Dona Serafina Moraes, filha de Sebastiana Ribeiro de Moraes irmã do Sargento Mor Antonio de Ribeiro Moraes.

Mais adiante aparece como herdeiro Manoel Álvares Murzello por si e como curador de seus filhos José Álvares de Moraes Navarro, Anna Pedroso, Catharina Gomes, Antonio Pedroso. Outros herdeiros são Manoel Álvares de Moraes Navarro, por si e por sua irmã Helena Gomes de Moraes, e o Capitão Christovão da Cunha por parte de Anna Pedroso, mulher de Antonio Velho Cabral.

No site da genealogia paulistana encontramos que a esposa de Manoel Álvares Murzelo, Anna Pedroso de Moraes era filha de Anna Pedroso de Moraes, também irmã de Antonio Ribeiro de Moraes. Assim, a mãe do Mestre de Campo Manoel Álvares de Moraes era prima legítima de Dona Serafina, mãe de José Porrate de Moraes Castro.

Outro detalhe é que Dona Sebastiana, avó materna de José Porrate, foi casada com Vito Antonio de Castro Novo, do Reino de Nápoles. Já o avô paterno de José Porrate, João Porrat, era natural de Bordeús, na França, sendo sua esposa Francisca Penedon, das Canárias..

Entre os batismos da Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação encontramos os seguintes filhos de José Porrate e Margarida da Rocha: Micaela, em 19 de Fevereiro de 1708, tendo como padrinhos o avô Teodósio da Rocha e a tia Teodósia da Rocha; Arcângela, em 1 de Maio de 1709, tendo como padrinhos os tios João da Rocha e Mariana da Rocha; e Francisca, em 14 de Abril de 1710, tendo como padrinhos os tios Damião da Rocha e Anna da Rocha.

Agora, com os assentamentos de praça que estão no Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, encontramos um filho de José Porrate que herdou o nome do bisavô. Em virtude do estado do documento, assinado por Sebastião Cardoso Batalha, transcreveremos uma parte, contendo algumas lacunas.

Vito Antonio de Castro filho do Capitão José Porrate Castro, já defunto, de idade de dezoito anos e rosto (ilegível), cabelos claros, olhos alegres e feições (ilegível), espigado de corpo, senta praça na Companhia do Capitão Francisco Ribeiro Garcia, por sua vontade e mandato do Governador de Pernambuco Duarte Sodré Pereira,(ilegível) com intervenção do Provedor da Fazenda Real e Vedor Geral da Gente de Guerra, o Sargento Mor Dionísio da Costa Soares por(ilegível) do Capitão Domingos da Silveira, em vinte e cinco de Junho de mil setecentos e trinta e três, por baixa do cabo de Esquadra José da Rocha Vieira por passar a Capitão de Ordenança da Ribeira do Potengi.

Não encontrei, posteriormente, nenhuma outra referência a esse Vito Antonio de Castro, embora tenha encontrado outro Vito Antonio de Moraes Castro, filho de Antonio Vaz de Oliveira e Bernardina Josefa de Moraes. Vito casou com Anna Pedrosa de Moraes, neta do Capitão José de Moraes Navarro, irmão do Mestre de Campo, Manoel Álvares de Moraes Navarro.

Acredito que esse último Vito descenda de José Porrate de Moraes Castro por conta do nome e do sobrenome. Essa descendência seria através de  Bernardina Josefa de Moraes. A esposa de José Porrate, Dona Margarida da Rocha, tinha um irmão de nome Antonio de Vaz Gondim que deve ter herdado do Presidente da Província do Rio Grande do Norte de mesmo nome. A esposa de Teodósio da Rocha tinha sobrenome Oliveira. Bernardina, filha do capitão José Porrate de Moraes Castro, e de sua mulher Margarida da Rocha, foi batizada, na Capela do Senhor Santo Antônio do Potengi, aos 5 de novembro de 1711, e foram seus padrinhos Bonifácio da Rocha e sua irmã Dona Teresa Antônia de Oliveira, ambos tios maternos da batizada.

Antonio Vaz Gondim era pai de João Leite de Oliveira, com se observa em um dos assentamentos de praça existente no IHGRN. Antônio Vaz de Oliveira descendia do capitão-mor.

A Genealogia enriquece a História preenchendo algumas lacunas.
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