sábado, 26 de fevereiro de 2011

O capitão Francisco Trajano Xavier da Cunha

Na Revista da Academia Norteriograndense de Letras, n°11, Manoel Rodrigues de Melo escreveu um artigo sobre Macau, onde na  Introdução diz o seguinte:
"As cidades são construídas à imagem e semelhança dos seus habitantes. Nascem, desenvolvem-se, agarradas ao plasma da sua gente, do seu comércio, da sua indústria, da sua agricultura, da sua pesca, da sua pecuária, das suas minas, dos seus ciclos econômicos, da sua cultura, dos seus elementos ecológicos. A terra, o céu, o mar, a chuva, a flora, os rios, os lagos e lagoas, o clima tudo isso tem grande e decisiva influência no desenvolvimento e no progresso das cidades, sem esquecer é claro, o capital, a mão e a cabeça do homem, adicionados aos instrumentos de trabalho, que são por assim dizer as forças responsáveis pela sua expansão. As cidades como os homens têm o seu destino  e a sua vocação."
Assim, para compreender melhor uma cidade, é preciso conhecer melhor a sua história, através das pessoas que por lá passaram ou viveram. Por isso, vamos conhecer, hoje, o Capitão Francisco Trajano Xavier da Cunha. Ele foi o primeiro Juiz de Paz de Macau.
A primeira notícia que tive dele, foi através de um registro de batismo de um filho seu, José, cujos padrinhos foram meus tetravós, João Martins Ferreira e Josefa Clara Lessa. Interessei-me por ele, pois, através daquele documento, me era apresentado a esposa do Capitão que deixou a Ilha de Manoel Gonçalves e foi povoar Macau. O Capitão Francisco Trajano não fazia parte daquelas pessoas que acompanharam João Martins, mas, como vimos em outros registros, morava na Fazenda do Amargoso, que integrava as terras compradas pelos portugueses, residentes em Recife, Domingos Affonso Ferreira e seu genro Bento José da Costa.
A partir daí, anotei todos os registros sobre o Capitão Francisco Trajano. Anteriormente, ele morava na Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação, e, em 1818, batizava seu filho Joaquim, como podemos ver a seguir.
 "Joaquim, com 15 dias de idade, filho legitimo de Francisco Trajano Xavier da Cunha e de Marianna Ignacia Fernandes Pimenta, neto paterno de Francisco Xavier da Cunha e de Josefa Joaquina de Paiva, por parte materna de Joaquim José Ferreira e de Anna Joaquina de Jesus, todos moradores nesta Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação do Rio Grande, foi batizado com os Santos Óleos nesta Capela de São Gonçalo pelo Padre Simão Judas Thadeo a dois de Março de mil oitocentos e dezoito. Padrinhos o Tenente Lourenso J da Silva, cazado e Anna Rosa da Apresentação, solteira, da mesma Freguesia, e para constar mandei fazer este termo em que me assino por omissão do outro vigário que (ilgível). Vigário Francisco Antonio Lumachi de Mello."
Aos 14 de Junho de 1819, foi sepultada na Capela de São Gonçalo Isabel, branca, filho do casal Francisco Trajano e Mariana. Aos 3 de Julho de 1826, Dona Mariana faleceu, e foi sepultada, também, na Capela de São Gonçalo, de grades para baixo.
Três anos depois, em 24 de Novembro de 1829, no Oratório das Oficinas, da Freguesia de São João Batista do Assu, depois de dispensados do terceiro grau de consanguinidade, o Reverendo Frei Thomaz de Aquino, ajuntou em Matrimonio e deu as bênçãos ao viúvo Francisco Trajano Xavier da Cunha e a D. Senhorinha Clara dos Anjos, da Freguesia de Santana do Matos, filha de Carlos José de Sousa e Manoela Archangela, sendo testemunhas Raimundo José da Silva e Manoel da Rocha Bezerra.
D. Senhorinha era irmã de Josefa Jacinta de Vasconcelos que casou com Manoel da Rocha Bezerra, e de Antonia Bernarda Achiolis que casou com Paulino Álvares Pessoa, todos esses casamentos na Ilha de Manoel Gonçalves, sendo testemunhas dos dois casamentos o Capitão João Martins Ferreira. Manoel da Rocha Bezerra era filho de Balthasar da Rocha Bezerra e Josefa Maria da Silva. Esse Paulino era filho de Alexandre José Pereira, possivelmente, aquele Chefe do Degredo da Ilha de Manoel Gonçalves, de que falava Manoel Rodrigues de Melo quando tratou do Saque da Ilha pelos Ingleses, em 1818.
Do casamento com Dona Senhorinha Clara dos Anjos, encontramos, os seguintes filhos:Targino, José, Josefa, Ignácio, Thereza, Joanna, Manoel, João,  e   Francisca.
Do primeiro casamento, além de Joaquim, encontramos Francisco,  que foi batizado em 28 de abril de 1821 com um mês de idade.
João Mauricio Xavier da Cunha casou com a viúva Epifania Maria da Conceição Vejamos o casamento de Francisca.
"Aos vinte de Agosto de 1870, na Capela do Rozario de licença do Reverendo Joaquim Alves da Nóbrega, Coadjutor, encarregado da Cura desta Freguesia, assistiu o Reverendo Elias Barbalho Beserra receber-se em Matrimonio os meus Paroquiano = Martinho Egydio Ferreira Nobre, filho legitimo de Pedro José Ferreira, e de Thereza da Trindade Nobre, e Francisca Xavier da Cunha Vasconcellos, filha legitima de Francisco Trajano Xavier da Cunha, e Senhorinha Clara dos Anjos, depois de confessados, e examinados, em Doutrina Cristã, lhe deu as Bênçãos Nupciais, sendo testemunhas = Felis Rodrigues Ferreira, e Luis Ferreira Nobre. Para constar fiz este assento e assino. O Vigário Joaquim Manoel d'Oliveira Costa.

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