segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A velha São Gonçalo do Potengi

 
A velha São Gonçalo do Potengi
Vi, na semana que passou, notícias que São Gonçalo do Amarante está completando, agora em 2010, 300 anos. Entro nos sites sobre São Gonçalo e encontro informações sobre sua história, onde se dá 1710 como o ano que é ponto de partida para essa contagem. Noticiam os sites, que foi nesse ano que chegaram a São Gonçalo, vindo de Pernambuco, Ambrósio Miguel Serinhaém e Paschoal Gomes de Lima, senhores que deram início ao repovoamento e desenvolvimento daquela localidade. No livro “Nomes da Terra”, de Câmara Cascudo, não há nenhuma referência a essas informações.
Manuel Nazareno Nogueira de Araújo, no livro História de São Gonçalo, diz mais: “os dois senhores eram casados, tinham filhos e bens. Cuidaram logo de construir duas casas assobradadas, para servir-lhes de residência, e à frente ergueram uma capelinha, cujo orago era o taumaturgo S. Gonçalo do Amarante”. Mais adiante diz que no dia 2 de Fevereiro de 1719, o Padre Simão Rodrigues de Sá celebrou a primeira missa na capelinha e depois faz o casamento de uma filha de Ambrósio Miguel de Serinhaém com um filho de Paschoal Gomes de Lima.
Nos registros que encontrei, até agora, não achei referência a ninguém com o nome de Ambrósio Miguel de Serinhaém. Já com relação a Paschoal Gomes de Lima encontramos muitos registros, inclusive antes dessa data de 1710. Um deles, para exemplificar, é o que se segue:
“Em 29 de Dezembro de 1698, na Capella de Sam Gonçalo de Potegi, com licença minha, o Padre Francisco Bezerra de Góis baptizou Antonia, filha do Capitão Pascoal Gomes e de sua mulher D. Elena Berenger: forão Padrinhos Pedro Berenger, e Dona Maria Serqueira”. A esposa de Pascoal Gomes de Lima, em alguns registros, aparece como Helena Barbosa de Albuquerque. A madrinha que aparece nesse registro acima tem o mesmo nome da mãe de Pascoal.
Outro exemplo, que trago para cá, é um registro mais antigo da Capela de São Gonçalo. Em 29 de Setembro de 1688, houve o batismo de Leocádia, filha do Capitão Manoel de Abreu Friellas e de sua mulher Isabel Dornellas. Esse Manoel de Abreu Friellas parece ser um dos filhos de Manoel de Abreu Soares e, portanto, irmão de Pascoal. Assim, a presença dessa família é muito anterior ao ano de 1710.
Outro detalhe importante, é que o genro de Pascoal Gomes de Lima mais presente, nos registros que encontrei, foi o português de Vianna, Hipólito de Sá Bezerra. Dois filhos dele se chamavam Manoel de Abreu Soares e Pascoal Gomes de Lima. Uma filha de Hipólito de Sá Bezerra e Joana Bezerra de Albuquerque, de nome Elena Barbosa de Albuquerque, era casada com José de Araújo Pereira, filho do português, também de Vianna, Tomaz de Araújo Pereira.
Aquela região, na verdade, se chamava Potengi, na grafia de hoje.  As capelas das áreas circunvizinhas, geralmente, tinham os nomes religiosos acoplados as localidades: Nossa Senhora do Socorro de Utinga, Nossa Senhora da Conceição de Jundiaí, Santo Antonio do Potengi, São Gonçalo do Potengi, São Miguel da Aldeia de Guajiru e por aí. Vejamos uma prova disso, através de um desses registros de 1697.
“Em 14 de 9bro de 1697 na Capella de Putegi do Bemaventurado Sancto Antonio, com licença minha, baptizou o Padre Francisco Bezerra de Góis a Manuel, filho de Manoel de Sousa e de sua mulher Maria Pereira. Forão Padrinhos o Capitão João da Costa Almeida e sua mulher Domingas da Fonseca. Vigário Simão Rodrigues de Sá”.
Lembramos aqui informação, contida em um artigo anterior, sobre Paschoal Gomes de Lima:
“A cidade de Aracati está encravada na data que tirou, em 23 de janeiro de 1685, o Capitão-mor Manoel Soares, e seus 14 companheiros, na parte que pertenceu ao mesmo Capitão-mor, demarcada pelo Desembargador Cristovão Soares Reymaão em Outubro de 1707 que foi vendido por sua viúva D. Maria de Siqueira e seu filho Paschoal de Lima em 6 de dezembro de 1701 ao Conmissionario Geral Teodosio de Grasciman.
Pelo que vimos até agora, as informações que são dadas sobre a História de São Gonçalo são contraditórias e deveriam ser revistas. As cidades surgem como pequenos sítios, fazendas, distritos e vão crescendo. Assim, suas idades deveriam começar a partir daí. E no caso de São Gonçalo, até como uma homenagem, aos bravos moradores que viveram nessa região, antes mesmo dos holandeses chegarem ao Rio Grande do Norte, são 365 anos, contando a partir do massacre de Uruaçu.  Além disso, para diferençar de outras cidades existentes no Brasil com esse mesmo nome, esse município deveria se chamar São Gonçalo do Potengi.

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