quarta-feira, 2 de março de 2011

Notas avulsas de Genealogia (II)

Vimos em outro artigo, neste jornal, que Cipriano Lopes Galvão ocupou o posto de Coronel da Ribeira do Seridó na vaga que era do Coronel Alexandre Rodrigues da Cruz. Por Alexandre ser meu heptavô, procurei a carta patente de Coronel que ele tinha recebido anteriormente. Encontrei no Projeto Resgate, acessando o Centro de Memória Digital da UNB, www.cmd.unb.br, o requerimento pedindo confirmação da carta patente de Coronel de Cavalaria da Ribeira do Seridó, concedida pelo Capitão mor Pedro de Albuquerque e Mello. No pedido de confirmação da carta patente estava anexada a carta concedida, em 1755, onde encontramos o seguinte trecho:
Alexandre Rodrigues da Cruz tanto pelo bem que tem servido a S. Majestade de Soldado de Cavalos do Regimento do Ceará Grande e aos depois passando a Tenente do mesmo Regimento, e passar a Capitão de Cavalos do Regimento desta Cidade de que é Coronel Manoel Teixeira Casado, e passar a Sargento Mor de Infantaria de Ordenança da Ribeira de Goianinha desta Capitania, e atualmente ocupando o posto de Tenente Coronel do dito Regimento da Ribeira do Seridó, o que tudo me constou pelos documentos que me apresentou, como por ser um homem nobre, e de conhecida nobreza e das principais famílias e dos mais afazendados daquela Ribeira e esperar dele que daqui em diante se haverá na mesma forma muito como deve a confiança que faço de sua pessoa:hei por bem de eleger, e nomear como pela presente faço, o dito Alexandre Rodrigues da Cruz, no posto de Coronel do Regimento da Cavalaria da Ribeira do Seridó, que vagou por deixação que do dito posto fez João Gonçalves de Mello...
Pelo que consta no documento acima, observamos que o Coronel Alexandre Rodrigues da Cruz antes de ir para o Seridó morou no Ceará e outras localidades. Ele era casado com Dona Vicência Lins de Vasconcelos.  Cipriano Lopes Galvão, filho do Coronel de mesmo nome que ocupou a vaga de Alexandre, casou com uma neta deste último, filha de Teresa Lins de Vasconcelos e Antonio Garcia de Sá Barroso. A esposa de Cipriano, segundo do nome, tinha o mesmo nome da avó materna, Vicência Lins de Vasconcelos.
Outro fato noticiado nesse mesmo artigo citado acima, foi a  determinação de soltura de Anselmo José de Faria pela Rainha de Portugal, datada de 1780. Quem era essa Rainha?
 Encontramos uma correspondência, datada de 24 de março de 1781, de José Cesar de Menezes, Capitão General e Governador de Pernambuco Paraíba e mais Capitanias anexas, dando notícia da morte da Rainha Mãe. Segue trecho da carta. Esse documento, cópia do original, está no IHGRN. Alguns documentos possuem palavras de difícil leitura. Talvez haja equívocos em algumas palavras aqui transcritas. Vejamos trechos da carta.
Foi Deus servido chamar a sua Santa Glória a Fidelíssima Senhora Mãe no dia quinze de Janeiro do corrente ano, pelas sete horas da manhã, com tristes sinais de predestinação e com tão heróicos atos de amor a Deus que correspondem na morte às grandes e excelentes virtudes da sua vida
Estas no seguram estará gozando de Bem Aventurança.
Sua Majestade me manda participar a triste notícia desta perda para que pelo militar se façam nesta Capitania aquelas demonstrações publicas de sentimentos praticados em semelhantes ocasiões.
A mesma...se.. para oito dias e tomará luto por seis meses, três rigorosos e três aliviados, o qual manda tomar não só na Corte mas em todo o Reino, sendo os primeiros três meses de Capa Comprida, o que for servido dispensar na pragmática de 28 de Maio de 1779, determinando-me que na sobredita conformidade mande regular o dito luto nas capitanias, de que faço ciência a V. Mercê, ordenando-lhe que assim a façam executar no Distrito de jurisdição do seu Governo.
Como no documento não mencionava o nome da Rainha mãe, utilizei mais uma vez a internet para descobrir quem era a dita. Mariana Vitória nasceu em 1718, sendo filha de Felipe V, da Espanha, e Isabel de Parma. Foi casada com o Rei de Portugal, Dom José I. Assumiu a regência, no período de 1776/1777, por doença do Rei. Em 1777, com a morte de Dom José I, assumiu o trono de Portugal, sua filha D. Maria I (Maria Francisca Isabel Josefa Antonia Gertrudes Rita Joana de Bragança, princesa do Brasil, conhecida entre nós como D. Maria, a Louca.
Assim quem determinou a soltura do Alferes Anselmo José de Faria, foi a Rainha Dona Maria I, filha de Dom José I e Dona Mariana Vitória. Por coincidência a esposa de Anselmo se chamava Mariana da Rocha, filha do Capitão Antonio da Rocha Bezerra e irmão do Coronel Antonio da Rocha Bezerra.
Acrescento a esses dois comentários acima, um registro do requerimento que fez o Capitão João Manoel da Costa, meu pentavô, solicitando o registro de uma carta de confirmação. Vejamos
Diz o Capitão João Manoel da Costa que ele é senhor de três léguas de terras de comprido e uma de largo no lugar de Olho D'Água que correm por testadas do Hitu buscando o nascente entre o Rio do Assu e do Amargoso pegando das nascenças do dito Olho D'Água com légua e meia para o nascente, e légua e meia para o poente, com meia de largo para cada banda, por título de compra (é o que parece) que fez das ditas terras; e porque os seus primeiros antepossuidores obtiveram de S. Majestade Carta de Confirmação das referidas terras e nunca tiveram a lembrança de registros nesta Provedoria da Real Fazenda, que, portanto, o suplicante para conservação do seu Direito, faça registrar a dita Carta de Confirmação nestes termos = Para o fim. Provedor da Real Fazenda, lhe faça mercê mandar registrar a sobredita Carta de Confirmação para...
A carta que não foi registrada na Provedoria da Real Fazenda era de Mathias da Silva. Ela está anexada no requerimento do Capitão João Manoel da Costa. Foi concedia em 2 de Julho de 1753.

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