segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Vicente Maria da Costa Avelino, o pai de Pedro Avelino


 
Vicente Maria da Costa Avelino, o pai de Pedro Avelino.

No livro Angicos, diz Aluízio Alves de Pedro Avelino “nascido em Angicos, a 19 de maio de 1861, entre as paredes humildes de um lar pobre, soube ele conquistar, pelo vigor da inteligência, uma posição definida e triunfante nos círculos literários brasileiros. Nunca a riqueza lhe bafejou a vida. Seus pais, Vicente da Costa Avelino, e D. Ana Bezerra Avelino, viveram dos parcos subsídios da advocacia provisionada, ou das magras rendas dum cartório sertanejo.”
Quando das minhas pesquisas genealógicas, a grande dificuldade que tive foi descobrir a relação de parentesco de Georgino Avelino, neto de Vicente, com o meu avô Cícero Avelino. Todo Avelino que encontrei se orgulhava de um ascendente que era primo de Georgino, mas ninguém conseguia demonstrar onde estava o elo desse parentesco. Por sua vez Georgino chamava a todos de primo. Era da natureza dele. Boa parte das minhas dificuldades advinha da forma alternada como apareciam, em vários documentos, os nomes de uma mesma pessoa. Havia inversões de sobrenomes, acréscimos ou supressões. Do lado paterno foi fácil descobrir, pois, a mãe de Georgino era prima legítima de minha avó Maria Josefina Martins Ferreira. Mãe Sinhá perdeu a mãe logo nos primeiros anos e foi criada pela tia, Maria Ignácia, mãe do capitão José da Penha e de Maria das Neves esposa de Pedro Avelino. A vida de Vicente, já no inicio foi muito atribulada. A primeira surpresa que tive foi descobrir, a partir do casamento de Vicente, que ele era filho natural de Alexandre Avelino da Costa Ferreira (Martins) e Maria Rodrigues da Costa. Segundo José Nazareno, membro da família, duas tias de Vicente convenceram Alexandre a reconhecer o filho antes de se casar com minha trisavó Anna Francisca Bezerra. Em 1857, com aproximadamente 18 anos, Vicente Ferreira da Costa Avelino, como era conhecido nessa época, já aparecia na Câmara Municipal fazendo arremates de diversos tipos de impostos, por um período de um ano, recebendo títulos e para isso assinando letras para pagar de duas vezes. Nesse inicio teve algumas dificuldades para pagamento das mesmas. Quis até devolver os títulos e receber as letras de volta alegando que as autoridades não policiavam como deviam o referido imposto. A Câmara não aceitava as alegações de Vicente que voltava inquirindo sobre o indeferimento e ponderando, ainda, que a mesma não deveria ter colocado em leilão um ramo de imposto que estava em dúvida de ser paga pelos Municipianos. A Câmara voltava a indeferir. Vicente pediu prazo a Câmara para pagar as letras em virtude de moléstias. Foi concedido. Noutra ocasião, pede para pagar uma letra que estava para se vencer, depois que voltasse de uma viagem que precisava fazer. A Câmara nega. Mais adiante, a Câmara solicitou que o procurador apresentasse as letras vencidas de Vicente ao fiador. Nessa época, Vicente com aproximadamente 18 anos, tinha dificuldades advindas, com certeza, da inexperiência. Nesse mesmo ano de 1857, Vicente se casou com Anna da Natividade Bezerra, filha de Matheus da Rocha Bezerra e Ana Angélica Bezerra. Raptou a moça, segundo José Nazareno. Já em novembro de 1860 a Câmara despachou requerimento do Juiz Municipal substituto José Teixeira de Souza pedindo que atestasse qual a conduta civil e moral de Vicente Ferreira da Costa Avelino e quais as habilitações para os lugares de Escrivão de Órfãos, Civil, Judicial e Notas e da mesma forma do escrivão interino Joaquim Antonio d’Albuquerque. No primeiro quesito atestou a Câmara que Vicente não tinha conduta regular e mesmo habilitações para os lugares de Escrivão Capítulo Judicial e Notas, votando contra Miguel Francisco da Costa Machado Junior que achava o contrário. Ainda aí, deve ter pesado a idade de Vicente. Já para a legislatura que começara em 1861, Vicente obteve a terceira suplência e chegou a ser convocado, várias vezes, por conta das ausências sistemáticas de alguns vereadores. Em uma das sessões, ele aparece já na condição de Tabelião Público. Em certo momento, passou a usar o nome Maria no lugar de Ferreira que usava até então. Aliás, os companheiros de Câmara pediram que se oficiasse ao Governador da Província informando que alguns vereadores mudaram o sobrenome. Verifiquei, depois disso, que esses vereadores acrescentaram ao nome, o sobrenome Maria. Não encontrei razões para isso. Em 1858 nasce seu primeiro filho Emygdio Avelino, pai de Edinor e avô de Gilberto Avelino. Em 1859, nasceu Emygdia e em 1861, Pedro Avelino, pai de José Georgino Avelino Alves de Souza, do Diplomata Vicente Avelino e de Camilo Lutero Avelino. Outras filhas são Ana dos Prazeres (Donana), Luiza (Biluca), Balbina e Maria Clara. Vicente teve 21 filhos nos 22 anos casado. Segundo José Nazareno, Vicente se associou a um certo Borja lá em Pendências, comprando muitas terras. Chegou a morar por lá. Morreu com apenas 40 anos de idade de febre maligna. Lutou muito, ficou no anonimato, mas deixou uma descendência ilustre. Era ainda irmão do cadete José Avelino, tio do Cardiologista Téodulo Avelino, tio avô do escritor Afonso Bezerra e meu tio bisavô.


Daniel Pereira de Brito, lá de Aracati


Daniel Pereira de Brito, lá de Aracati
Embora não fosse português, nem estivesse na relação dos fundadores de Macau, encontramos vários registros de sua  presença  na Ilha de Manoel Gonçalves. Para identificar sua naturalidade, começamos com o seu casamento.
“Aos trinta dias do mês de outubro de mil oitocentos e trinta no Sítio das Barreiras da Freguesia, digo, desta Freguesia de Santa Anna do Mattos, depois de obtida dispensa de impedimento de segundo grau de sanguinidade, e tendo Precedido  as Canônicas Denunciaçoens sem impedimento, confissão, e exame da doutrina Christan, o Reverendo José Berardo de Carvalho, de licença minha, ajuntou em matrimonio, e deu as bênçãos nupciaes à os meus Parochianos Daniel Pereira de Brito, e Anna Maria da Silva, naturaes da Freguesia de Aracati, e nesta moradores, elle filho natural de Monica Maria do Espírito Santo, ella filha legitima de Domingos Fernandes da Silva, e de Bibiana Gomes da Silva, sendo testemunhas Luiz Fernandes da Silva, Christovão Farias Junior e Francisco Gonçalves Borges, que com o dito Reverendo assignarão o assento, que me foi remetido, pelo qual fis  o presente, que assigno. O vigário João Theotonio de Soisa e Silva.”
Vejamos alguns registros de batismo. Pouco dias depois desse casamento acima, nascia Leonarda, filha do casal, que se batizou, ainda no mesmo ano, na Ilha de Manoel Gonçalves, como podemos ver no registro abaixo.
Leonarda, filha legitima de Daniel Pereira de Brito, e Anna Maria da Silva, naturaes da Província do Seará, e moradores nesta Freguezia, nasceo a os seis de Novembro de mil oito centos e trinta , e foi baptizada, com os Santos Óleos, na Capella da Ilha de Manoel Gonçalves, filial da Matriz do Assú, pelo Reverendo Vigário da mesma, Joaquim José de Santa Anna, de minha licença, a os oito de Dezembro do ditto anno:foi Padrinho Francisco Gonçalves Borja, desta Freguesia. Do que para constar fiz esta assento em que assigno. O Vigário João Theotonio de Sousa e Silva.”
Em seis de Fevereiro de 1835 nasce Mônica, mesmo nome da avó paterna, e foi batizada na Ilha de Manoel Gonçalves, em 14 de Junho do mesmo ano, pelo Reverendo Frei José de Santo Alberto, sendo padrinho Aquiles Francisco da Silva.
Outro filho batizado na Ilha de Manoel Gonçalves, em Agosto de 1836, foi Tertuliano, pelo mesmo Reverendo acima, tendo como padrinhos Manoel Rodrigues Ferreira Junior e Maria Gomes da Silva. Uma outra filha foi batizada em Guamaré. Vejamos o registro.
“Therêsa, filha legitima de Daniel Pereira de Britto, e Anna Maria da Silva, naturaes e moradores nesta Freguesia, nasceo aos dezacete de Junho de mil oito centos e trinta e sette, e foi baptizada com os Santos Óleos na Capella de Guamaré filial desta Matriz aos des de Julho  do ditto anno pelo Reverendo Coadjutor Ignácio Damazo Corrêa Lobo, de minha licença:forão Padrinhos Lourenço Jozé Fernandes, solteiro, e Bernardina Maria do Espírito Santo (esposa de Christovão Faria): do que para constar mandei fazer este assento, e por verdade assingei. O Vigário João Theotonio de Sousa e Silva.”
Em 5 de Julho de 1841, Felipa, semibranca, como está escrito no registro, que nasceu em vinte e seis de Maio de mil oitocentos e quarenta e um, foi batizada na Ilha de Manoel Gonçalves, tendo como padrinhos Christovão de Farias Leite Junior e Nossa Senhora. Em 12 de janeiro de 1845, Felipa foi sepultada na Capela de Nossa Senhora da Conceição de Macau. No ano de 1853, na Ilha de Tubarão, casa uma filha de Daniel, da qual não encontrei o registro de batismo.
“Aos vinte e trez dias do mês de Outubro de mil oito centos e cincoenta e trez as onze horas da manhã, na Ilha de Tubarão, d’esta Freguezia, tendo precedido as Canônicas Denunciaçoens, sem impedimento, Conffissão, Comunhão, e Exame de Doutrina, em minha presença, e das testemunhas, Joze Monteiro da Silva, e Valentim Pereira de Monte, casados, e moradores n’esta Freguesia, se unirão em Matrimonio, por palavras de presente, e receberão as Bênçãos Nupciaes,  meus Parochianos João Francisco Baraúna, e Maria Cecília do Espírito Sancto, naturaes, e moradores n’esta mesma Freguesia, filhos: elle, natural, de Mariana de Lima da Conceição; e ella legitima de Daniel Pereira de Brito, e Anna Maria da Silva; de que fis esta assento, e pelo qual faço este termo, em que assigno. Vigário Felis Alves de Sousa.”
 No dia 28 de Janeiro de 1855, foi sepultada, com a idade de 40 anos, Anna Maria, esposa de Daniel, na Vila de Macau. No ano seguinte casa Theresa, cujo batismo  transcrevemos acima, filha do casal, como registrado abaixo.
“Aos três de Outubro de mil oito centos cincoenta e seis no lugar Tubarão desta Freguesia de Macau uni em Matrimonio, e dei as Benções Nupciaes aos Contrahentes meos Parochianos José Joaquim da Silveira filho legitimo de José Joaquim da Silveira, já falecido, e de Antonia Francisca de Paula, com Theresa Maria de Jesus, filha legitima de Daniel Pereira de Brito, e Anna Maria da Silva, já falecida; forão testemunhas José Antonio de Moura, casado, e João Serino da Silva, viúvo. Do que para constar fis este assento em que me assigno. O Vigário Manoel Jerônimo Cabral.”
Em Julho de 1856, com a idade de um ano, foi sepultada, Manoela, filha de Daniel e Anna.
Daniel casa, novamente, em vinte e dois de Fevereiro de 1857, na Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Macau. Desta vez com Catharina Ferreira de Sena, filha legitima de Leandro José Ferreira, na época, falecido, e de Vicência Maria das Virgens. Testemunharam o Alferes Marcolino José de Moraes, casado, e José Felipe da Penha, solteiro. Em dez de Outubro do mesmo ano, acima, nasce Francisco, filho de Daniel e de Catharina.
Encontro, por fim, um registro de casamento em 1859, de outra filha de Daniel Pereira de Brito, também, em Tubarão. Pelo registro se chamava Josefa Martins de Miranda e aparece como sua mãe Anna Martins de Miranda. Nesse mesmo registro, os pais eram falecidos na época. Acredito que houve um erro no sobrenome da mãe. O esposo era João Antonio de Saju, filho de Valentim Pereira do Monte, já falecido e Maria Magdalena da Conceição.

Assentaram praça em Assú, em 1789

 
Por João Felipe da Trindade
jfhipotenusa@gmail.com
Mexendo aqui e acolá, em documentos antigos, vamos encontrando relíquias que são importantes para a recomposição da História. No Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte encontrei um pacote contendo registros de assentamentos de praças. O primeiro registro da lista era justamente o de  Antonio Martins dos Santos, um   pentavô. Assim, transcrevo para cá o conteúdo dele. Tive dificuldade de identificar o nome da Freguesia. Entretanto, depois de várias consultas, descobrimos que era Santa Eulália de Balazar ou Balasar, em Póvoa de Varzim, em Portugal. Tais documentos fazem uma descrição do tipo de indivíduo que está assentando praça. Como não temos fotografias dessa época, isso nos ajuda a imaginar como eles eram. Vejamos o caso de Antonio Martins dos Santos.
“Antonio Martins dos Santos, filho de Miguel Martins dos Santos, natural da Freguesia de Santa Olalia de Balazar, em Portugal, branco, cazado e morador nesta Ribeira do Assu, de estatura alta, seco de corpo, cor amarella, cabello corredio e preto, nariz grande, olhos fundos, de idade de vinte e três, anos asenta prassa em revista de vinte e sete de julho de 1789”.
Na margem há ainda o seguinte registro: Passou a cabo de esquadra desta Companhia.
Antonio Martins dos Santos era casado com Felippa Maria Duarte, filha  do fundador de Angicos, o tenente Antonio Lopes Viégas, e Anna Barbosa da Conceição. 
Aqui vamos colocar alguns registros para conhecimento de todos ricos nas descrições, assemelhando-se aos nossos atuais retratos falados. Coloco algumas vírgulas para facilitar a leitura. 
“Alexandre José da Costa, filho de Theodosio da Costa, natural, e morador nesta Ribeira do Assú, branco, solteiro, estatura alta, seco de corpo, cabello corredio, sobrancelhas grandes, pouca barba, de idade de vinte e oito annos, asenta prassa em revista de vinte e sete de julho de 1789”
“Pedro Alves Correa, filho de Francisco Calheiros Marinho, natural e morador nesta Ribeira do Assú, branco, solteiro, estatura ordinária, seco de corpo, cor trigueira, sobrancelhas grandes, seco de rosto, de idade de vinte e nove annnos, asenta praça em revista de vinte e sete de julho de 1789.”
“Manoel Cavalcanti de Albuquerque, filho do Sargento Mor Felipe Pereira Cavalcanti, natural e morador nesta Ribeira do Assú, olhos grandes cor parda, branco, solteiro, cabello corredio, de idade de onze para doze annnos, assenta prassa em revista de vinte e sette de julho de 1789."
“Gonçalo Freire de Amorim, filho do Coronel Gonçalo Freire de Amorim, natural da cidade do Natal, branco, cazado, e morador nesta Ribeira do Assú, estatura ordinária, seco do corpo, olhos encovados, cabello corredio, de idade de trinta e hum annos, asenta praça em revista de vinte e sette de julho de 1789.”
“Antonio Raimundo de Oliveira, filho do Capitão João Chrisostomo, natural de Recife, e morador nesta Ribeira do Assú, branco, e cazado, estatura baixa, cor alva, cabelo, ruivo, olhos azuis, testa grande, de idade de vinte e tres anos, asenta praça em revista de vinte e sette de julho de 1789.”
“Felipe Pereira Cavalcanti, filho de Felipe Pereira Cavalcanti, natural e morador nesta Ribeira do Assú, branco, solteiro, estatura pequena, robusto, digo refeito de corpo, cor parda, olhos grandes e papudos, o beiço de sima, mais saído do que o de baixo, de idade de quinze annos, asenta prassa em revista de vinte e sete de julho de 1789.”
Existia uma Fazenda denominada Cacimbas do Vianna, em Açú,  que deve ter pertencido a uma família com esse sobrenome. A seguir apresento um filho e dois netos de Antonio Martins Vianna.
“Domingos Miz Vianna, filho de Antonio Martins Vianna, natural da Villa de Vianna, morador nesta Ribeira do Assú, branco e cazado, estatura ordinária, seco do corpo, cor baça, barba fexada, cabelo corredio, de idade de quarenta e dois annos, asenta prassa em revista de vinte e sete de julho de 1789.”
“Jose da Ora da Silva, filho de Domingos Miz Vianna, natural de Pernambuco, branco, solteiro, morador nesta Ribeira do Assú, cor clara, seco do corpo, olhos vivos, sem barba, de idade de dezoito annos, assenta prassa em revista de vinte e sete de julho de 1789.”
Francisco Ignácio da Cunha, filho de Domingos Miz Vianna, natural de Pernambuco, e morador nesta Ribeira do Assú, branco, solteiro, estatura ordinária, seco do corpo, cabelo corredio, barba não fexada, de idade de vinte e hum annos, asenta prassa em revista de 27 de julho de 1789.”
“Pedro de Barros Dantas, filho de Antonio Dantas, natural da Paraíba, morador nesta Ribeira do Assú, branco cazado, de estatura ordinária, barba fexada, olhos azuis, digo,  cor rozada, testa grande, de idade de quarenta e sinco annos assenta prasssa em vinte e sete de julho de 17879.
“Joaquim de Barros Franco, filho de Pedro de Barros Dantas, natural e morador nesta Ribeira do Assú, olhos azuis, cor trigueira, nariz pequeno, cabello corredio, branco, solteiro, de idade de doze annos, asenta prassa em revista de vinte e sete de julho de 1789.”
Precisamos digitalizar nossos documentos históricos antes que eles se destruam, totalmente. Com a digitalização, mais pessoas conhecerão a História do Rio Grande do Norte.
Assentamento de Antonio Martins dos Santos

Cacimbas do Vianna

 
Cacimbas do Viana
Há uma teoria na Estatística que diz que os eventos vêm em ondas. Na verdade, eu sou testemunha, ao longo da minha vida, de acontecimentos que parecem escondidos, mas  que quando aparecem, brotam de uma vez. Um dia estava lendo Tavares de Lira e pensando em Utinga. A partir daquela data uma série de informações surgiu sobre essa localidade vinda de diversos lugares. Com Cacimbas do Viana foi a mesma coisa. Depois de muito tempo, surgiram, de uma só vez, várias informações dessa povoação, a partir de uma viagem a Macau: um mapa que continha a localização, uma pessoa que conheceu a fazenda, um livro de Eloi de Sousa que cita a localidade, um amigo cujos familiares viveram por lá.
Eu tinha visto na Internet que havia um livro de Eloi de Sousa, Memórias, que fazia alguma citação de Cacimbas do Viana. Pouco dias depois, encontrei dentro de uma caixa no IHGRN, o livro recentemente editado que tinha sido levado para o Instituto por Olimpio Maciel. Encontrei, escrito no livro, na parte que trata do imbróglio entre o Presidente da Província, Manoel Ribeiro da Silva Lisboa,mais conhecido por Presidente Parrudo, e o coronel Estevão José Barbosa de Moura,  o seguinte trecho:
“Sem perda de tempo, o coronel Estevão, apressadamente alcançou o cais do Rosário, onde estava ancorada sua canoa, tripulada por escravos de confiança, e mandou remar à toda força para o seu engenho Ferreiro Torto. Na altura do Periquito, um dos escravos enxergou um bote que os perseguia.
O fugitivo, à sua maior aproximação, tendo verificado que a embarcação trazia arvorada a bandeira nacional, logo certificou-se que o próprio Parrudo era o seu perseguidor. Mandou, então, remar para uma gamboa, na margem esquerda do rio, onde desembarcou, e, mais tarde, com o auxílio de amigos, seguiu para a Cacimba de Viana, onde ficava uma de suas muitas fazendas.”
Aqui vamos aproveitar este artigo para transcrever o casamento de Estevão José Barbosa de Moura para conhecimento de todos.
“Aos trez de julho de mil oitocentos e trinta e trez na Capella do Ferreiro Torto, pelas oito horas da noite, despensados as denunciações pelo Ordinário Padre, sendo igualmente despensados os nubentes no terceiro grau de sanguinidade attingente ao segundo; e no quarto attingente ao terceiro, tambem de sanguinidade, em presença do padre Manoel Pinto de Castro, de minha licença, se  receberão por palavras de presente Estevão José Barbosa de Moura, e dona Maria Rosa do Rego Barros, naturaes, e moradores desta Freguesia: o nubente filho legitimo do Sargento Mor Manoel Teixeira Barbosa, e de Dona Anna da Costa Vasconcellos, já falecida, e a nubente filha legitima do Coronel Joaquim José do Rego Barros, e de Dona Maria Angélica da Conceição, já falecida, e receberão as Bênçãos, sendo testemunhas  Francisco Machado do Rego Barros, e José Fernandes Carrilho, casados desta Freguesia, do que fiz este termo, que me asigno.  Antonio Xavier Garcia de Almeida Vigário Interino.”
João Batista Machado mandou um e-mail, fazendo referência a Cacimbas do Viana, após ler o artigo, “uma visita ao município de Macau”.  Diz o e-mail: “Como estava afirmando, na fazenda Cacimbas de Viana pertencente ao  meu bisavô coronel Camilo de Lelis Bezerra eram produzidos os famosos "queijos de pescoço"  trazidos da Itália pela família Campielo. Uma das descendentes  casou com um tio-avô meu chamado João Camilo de Lelis Bezerra,  que esposou d. Mariinha, filha do major Amaro Campielo, que morava na localidade de "estrondadeira", onde a família Rosado tinha uma  mina de gesso. Os queijos eram disputadíssimos pelo amigo do velho Camilo  que fazia da distribuição  uma grande festa na fazenda "Alemão", no município do Assu, hoje Carnaubais.
F. F. Araújo no seu artigo Vultos de Macau, escreve sobre João Teixeira de Sousa: “ nasceu a 12 de fevereiro de 1849, em Cacimba do Viana, do município do Açu. Foram seus pais Manoel José de Sousa e D. Cosma Maria de Sousa. transportando-se, em 1859, para Macau, ano em que faleceu seu pai, aí passou a residir, casando-se , pela primeira vez , em 1869, com D. Veneranda Bezerra da Rocha. Ficou viúvo em 1879 e casou-se segunda vez , no mesmo ano, com D. Ana Bezerra da Rocha.”
Cacimbas do Viana, por fazer parte das terras de Bento José da Costa, era administrada, também,  por João Martins Ferreira. Assim, a presença dessa família é maciça nessa localidade. Ai, nasceu minha avó. Maria Josefina Martins Ferreira, filha do Tenente cirurgião Francisco Martins Ferreira e Francisco de Paulo Maria de Carvalho. Em, 1850, casou lá, Manoel Martins Ferreira (em alguns outros documentos, Manoel José Martins), filho de José Martins Ferreira. Façamos a transcrição desse documento:
‘Aos 28 dias de novembro de 1850, pelas 4 oras da tarde, na Fazenda das Cassimbas do Vianna, na Freguesia do Assú, forão unidos e abençoados em Matrimonio de minha licença, pelo Reverendo Silvério Biserra de Menezes, os Contrahentes meus Fregueses, Manoel Martins Ferreira, e Prudência Maria Teixeira, brancos, servatis ex more servandis; foram testemunhas José Martins Ferreira, e João Gomes Carneiro.: do que faço este acento em que assigno. Felis Alves de Sousa, Vigário Collado de Angicos.”
Por fim, mais um registro sobre Cacimbas do Viana de descendentes de João Martins Ferreira.
“Luiza, filha legitima de Francisco Alves Martins, e Maria Teixeira Martins, moradores em Cacimbas de Vianna da Freguesia de Assú, nascida a vinte e seis de Fevereiro de mil oito centos e oitenta e dois, foi solennemente baptizada por mim, na Matriz desta cidade a seis digo, a vinte e hum de maio do dito annno. Sendo Padrinhos = José Alves Martins, por procuração que apresentou João Teixeira de Souza, e Ignez Teixeira de Sousa, também d’aquella Freguesia, sendo que o baptisado foi feito a seis e não a vinte e hum e que para constar mandei fazer este assento em que me assigno. Eu com authorização diocesana assignei este assento. O vigário Estevam José Dantas”
20 de maio de 2009, 119 anos do falecimento do Cadete José Avelino.

A viúva e o solteirão

 
A viúva e o solteirão
Sebastião Cardoso Batalha é o mais antigo Cardoso Batalha que encontrei nos registros de nossa História. Ele aparece nos  documentos  do Senado da Câmara como, também, nas concessões de Datas e Sesmarias, aqui no Rio Grande do Norte. Tinha uma bela assinatura.  Encontramos  descendentes seus nos registros de Santana do Matos. No livro de batismos que se encontra no Instituto Arqueológico e Histórico Pernambucano, encontramos o registro  de três filhos de Sebastião Cardoso Batalha e Flávia Rodrigues de Sá: Agostinho Cardoso Batalha (1705) e Antonio Cardoso Batalha (1709) e Ângela Custódia (1711).
Duas filhas de Antonio Cardoso Batalha casaram com dois filhos do tenente-coronel José Pinheiro Teixeira. Rosa Maria da Encarnação casou com Manoel Gonçalves Branco e Francisca Antonia Xavier com Bernardo Pinheiro de Oliveira.
O tenente-coronel José Pinheiro Teixeira era natural da Freguesia de São Martinho de Arrifana de Sousa, Bispado do Porto. Arrifana de Sousa, por carta régia  de três de março de 1770, viu sua designação alterada para Penafiel, e ser elevada a cidade.
Bernardo Pinheiro de Oliveira casou a primeira vez, em 1752,  com Joana Ferreira de Melo, filha de Estevão Velho de Melo e Joana Ferreira de Melo (bisavós de Miguelinho). Teve um filho natural com Cosma Damiana Aguiar, de nome Miguel Rodrigues Aguiar. O seu segundo casamento foi com Francisca Antonia Xavier, na Fortaleza dos Reis Magos, que transcrevemos para este espaço.
“Aos vinte e dois de abril de mil setecentos e cinquenta e quatro na Capela dos Santos Reis Magos da Fortaleza desta cidade, capitania do Rio Grande do Norte, feitas as denunciações nesta Matriz, na forma do Sagrado Concilio Tridentino sem haver impedimento, de licença do Reverendo Vigário Doutor Manuel Correa Gomes, com presença do Reverendo Padre Francisco de Albuquerque Melo e das testemunhas que com ele presentes estavam e assinaram o Reverendo Padre Manoel Cardoso de Andrade, de hábito de Sam Pedro, viúva Ângela Custódia, moradores nesta dita cidade, se casaram solenemente em face da Igreja o cabo de esquadra de Infantaria Bernardo Pinheiro de Oliveira, viúvo que ficou por falecimento de Joana Ferreira , sua mulher, filho legitimo do tenente-coronel José Pinheiro Teixeira e de sua mulher Maria da Conceição de Oliveira, com Francisca Antonia Xavier filha legitima do tenente Antonio Cardozo Batalha, e de sua mulher Ana Maria da Apresentação naturais ambos desta dita cidade, e nela moradores, e logo lhes deu as bênçãos conforme os ritos da Santa Madre Igreja,do que mandou o Muito Reverendo Senhor Doutor Visitador fazer este assento em que asinou. Marcos Soares de Oliveira. Visitador”
Olavo de Medeiros Filho, no seu livro “Aconteceu na Capitania do Rio Grande do Norte”, fez uma pequena genealogia dos Moraes Navarro que chegaram aqui com o Terço Paulista. Chegaram aqui o Mestre de Campo Manuel Álvares de Moraes Navarro e seu irmão José de Moraes Navarro. Sobre Manuel Álvares de Moraes Navarro, filho de José e sobrinho de Manuel, escreve Olavo: “nascido por volta de 1739, solteiro, falecido aos 11 de novembro de 1798. Capitão. Morava no seu engenho Potengi, em São Gonçalo do Amarante – RN. Proprietário de uma légua de terra na ribeira do Ceará-Mirim, além de outras três léguas no riacho Malacacheta, na mesma ribeira. O seu testamento acha-se arquivado no acervo documental do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (caixa 71). Em 1786, Manuel era Administrador da Cobrança dos Rendimentos do Gado do “Vento” da Ribeira do Assú”. Manuel é o solteirão de nossa História.
Pois, bem, Bernardo Pinheiro Teixeira faleceu em 7 de setembro de 1761, com a idade aproximada de 40 anos, deixando Dona Francisca Antonia viúva. Nesse mesmo ano, em 18 de novembro, tinha falecido Francisca, filha dele e de Francisca Antonia, com a idade aproximada de 5 anos.
Em 1764, três anos após o falecimento de Bernardo Pinheiro Teixeira, há um registro envolvendo a viúva Francisca Antonia Xavier e o solteirão  Manuel Álvares de Moraes Navarro. Prestem atenção no relato do Padre Miguel Pinto Teixeira.
“Inácia filha da viúva Francisca Antonia Xavier, natural desta Freguesia, e dizem que do capitão Manuel Álvares de Moraes, natural desta dita Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação, neto pela parte paterna  do sargento-mor José de Moraes Navarro, natural de São Paulo, e de Dona Francisca Bezerra natural da Paraíba, e pela materna de Antônio Cardoso Batalha e de Ana Maria da Apresentação naturais desta dita Freguesia, foi batizada nesta Matriz de Nossa Senhora da Apresentação com os Santos Óleos por mim Pro vigário abaixo assinado aos dezoito de abril de mil setecentos, e sessenta e quatro. Forão seus padrinhos o capitão José Pedro de Vasconcellos, homem casado, e morador nesta dita Freguesia, e Rosa Maria mulher do alferes Manoel Gonçalves Branco, de que fiz este assento, em que por verdade me assino. Miguel Pinto Teixeira, Pro vigário do Rio Grande”
Essa conversa que antigamente era diferente não é tão verdadeira. Os registros da Igreja dão conta de muitas situações interessantes. Os bispos e padres visitadores das Freguesias relatam as reclamações que recebiam dos pais das moças por conta dos moços da época. O volume de filhos naturais é razoável. Muitos dos expostos em casa de fulano eram, na verdade, filhos desse fulano ou de gente da família.

A velha São Gonçalo do Potengi

 
A velha São Gonçalo do Potengi
Vi, na semana que passou, notícias que São Gonçalo do Amarante está completando, agora em 2010, 300 anos. Entro nos sites sobre São Gonçalo e encontro informações sobre sua história, onde se dá 1710 como o ano que é ponto de partida para essa contagem. Noticiam os sites, que foi nesse ano que chegaram a São Gonçalo, vindo de Pernambuco, Ambrósio Miguel Serinhaém e Paschoal Gomes de Lima, senhores que deram início ao repovoamento e desenvolvimento daquela localidade. No livro “Nomes da Terra”, de Câmara Cascudo, não há nenhuma referência a essas informações.
Manuel Nazareno Nogueira de Araújo, no livro História de São Gonçalo, diz mais: “os dois senhores eram casados, tinham filhos e bens. Cuidaram logo de construir duas casas assobradadas, para servir-lhes de residência, e à frente ergueram uma capelinha, cujo orago era o taumaturgo S. Gonçalo do Amarante”. Mais adiante diz que no dia 2 de Fevereiro de 1719, o Padre Simão Rodrigues de Sá celebrou a primeira missa na capelinha e depois faz o casamento de uma filha de Ambrósio Miguel de Serinhaém com um filho de Paschoal Gomes de Lima.
Nos registros que encontrei, até agora, não achei referência a ninguém com o nome de Ambrósio Miguel de Serinhaém. Já com relação a Paschoal Gomes de Lima encontramos muitos registros, inclusive antes dessa data de 1710. Um deles, para exemplificar, é o que se segue:
“Em 29 de Dezembro de 1698, na Capella de Sam Gonçalo de Potegi, com licença minha, o Padre Francisco Bezerra de Góis baptizou Antonia, filha do Capitão Pascoal Gomes e de sua mulher D. Elena Berenger: forão Padrinhos Pedro Berenger, e Dona Maria Serqueira”. A esposa de Pascoal Gomes de Lima, em alguns registros, aparece como Helena Barbosa de Albuquerque. A madrinha que aparece nesse registro acima tem o mesmo nome da mãe de Pascoal.
Outro exemplo, que trago para cá, é um registro mais antigo da Capela de São Gonçalo. Em 29 de Setembro de 1688, houve o batismo de Leocádia, filha do Capitão Manoel de Abreu Friellas e de sua mulher Isabel Dornellas. Esse Manoel de Abreu Friellas parece ser um dos filhos de Manoel de Abreu Soares e, portanto, irmão de Pascoal. Assim, a presença dessa família é muito anterior ao ano de 1710.
Outro detalhe importante, é que o genro de Pascoal Gomes de Lima mais presente, nos registros que encontrei, foi o português de Vianna, Hipólito de Sá Bezerra. Dois filhos dele se chamavam Manoel de Abreu Soares e Pascoal Gomes de Lima. Uma filha de Hipólito de Sá Bezerra e Joana Bezerra de Albuquerque, de nome Elena Barbosa de Albuquerque, era casada com José de Araújo Pereira, filho do português, também de Vianna, Tomaz de Araújo Pereira.
Aquela região, na verdade, se chamava Potengi, na grafia de hoje.  As capelas das áreas circunvizinhas, geralmente, tinham os nomes religiosos acoplados as localidades: Nossa Senhora do Socorro de Utinga, Nossa Senhora da Conceição de Jundiaí, Santo Antonio do Potengi, São Gonçalo do Potengi, São Miguel da Aldeia de Guajiru e por aí. Vejamos uma prova disso, através de um desses registros de 1697.
“Em 14 de 9bro de 1697 na Capella de Putegi do Bemaventurado Sancto Antonio, com licença minha, baptizou o Padre Francisco Bezerra de Góis a Manuel, filho de Manoel de Sousa e de sua mulher Maria Pereira. Forão Padrinhos o Capitão João da Costa Almeida e sua mulher Domingas da Fonseca. Vigário Simão Rodrigues de Sá”.
Lembramos aqui informação, contida em um artigo anterior, sobre Paschoal Gomes de Lima:
“A cidade de Aracati está encravada na data que tirou, em 23 de janeiro de 1685, o Capitão-mor Manoel Soares, e seus 14 companheiros, na parte que pertenceu ao mesmo Capitão-mor, demarcada pelo Desembargador Cristovão Soares Reymaão em Outubro de 1707 que foi vendido por sua viúva D. Maria de Siqueira e seu filho Paschoal de Lima em 6 de dezembro de 1701 ao Conmissionario Geral Teodosio de Grasciman.
Pelo que vimos até agora, as informações que são dadas sobre a História de São Gonçalo são contraditórias e deveriam ser revistas. As cidades surgem como pequenos sítios, fazendas, distritos e vão crescendo. Assim, suas idades deveriam começar a partir daí. E no caso de São Gonçalo, até como uma homenagem, aos bravos moradores que viveram nessa região, antes mesmo dos holandeses chegarem ao Rio Grande do Norte, são 365 anos, contando a partir do massacre de Uruaçu.  Além disso, para diferençar de outras cidades existentes no Brasil com esse mesmo nome, esse município deveria se chamar São Gonçalo do Potengi.

A misteriosa Ilha de Manoel Gonçalves

 
Por João Felipe da Trindade
A misteriosa Ilha de Manoel Gonçalves
Manoel Rodrigues de Melo tinha um sonho de escrever um livro sobre Macau, comemorativo ao 1º centenário desse município. Estava escrevendo, também, um livro sobre a família Rodrigues Ferreira, pois descendia do português Manoel Rodrigues Ferreira, um dos que deixaram a Ilha de Manoel Gonçalves para povoar Macau. Foi juntando informações, mas não sei se deixou alguma coisa pronta desses dois desejos. Mas, aqui e acolá vamos encontrando alguns registros deixados por ele.
Por um artigo na revista Bando, escrito por Manoel Rodrigues, sabe-se que houve um saque por parte dos ingleses, em 1818, na Ilha de Manoel Gonçalves. Nesse mesmo artigo cita o individuo Alexandre José Pereira como Chefe do Degredo da Ilha, revelando um lugar para cumprimento de pena. Há nesse mesmo documento trechos de uma carta escrita pelo Capitão João Martins Ferreira para o Governador José Ignácio Borges.
Não se sabe, exatamente, quando a Ilha de Manoel Gonçalves surgiu. Tampouco se sabe o ano em que ficou totalmente coberta. Se cogita, também, a possibilidade dela ressurgir. Há dúvidas, até hoje, quanto à origem do seu nome. Uns falam que se originou de um sesmeiro que a possuía, mas nunca apresentaram uma Sesmaria concedida a Manoel Gonçalves. Outros dizem que Manoel Gonçalves era um piloto que a descobriu. Como a ilha é de Manoel Gonçalves, poderia seu nome ter se originado de alguém com esse nome que viveu por lá. Talvez algum documento, ainda escondido, possa esclarecer mais adiante essa incógnita.
Acho que era um ponto de muitas atividades, e que muitas pessoas que tinham interesses na Ilha não viviam na mesma, mas sim, em algumas fazendas naquela região. Ali houve muitos casamentos e batismos. Passaram por lá padres, freis, militares, comerciantes, navegadores, degredados e outras pessoas em busca de oportunidades. É, entretanto incrível como poucas informações nos chegaram até hoje, por parte dos que moraram ou tinha algum negócio por lá. Nem os descendentes, dos que viveram ou passaram por lá, trazem informações mais precisas sobre a Ilha.
Encontramos o seguinte trecho no livro “A indústria extrativa do Sal e a sua importância na economia do Brasil” de Dioclécio Duarte
“Deixamos atrás a ilha de Manoel Gonçalves, que as águas arrebataram, há um século, criando a lenda da nova Atlântida nas terras do nordeste brasileiro. Para essa ilha, os antigos piratas, reza a tradição, conduziam o ouro que roubavam dos barcos que singravam o oceano.”
Manoel Rodrigues de Melo escreveu, sobre uma disputa de terras, entre os compadres Francisco Trajano Xavier da Cunha e o Capitão João Martins Ferreira, habitante da Ilha de Manoel Gonçalves, na Revista da Academia Norte-riograndense de Letras, de número 11, o que se segue:
“A Ilha de Manuel Gonçalves já não existia, em 1836, como centro de comércio e porto de pescaria, mas, tão somente como ponto de referência de um mundo velho que desaparecia em face de um novo mundo que surgia
E a prova é que, três anos depois, em 1839, realiza-se na povoação de Macau, em casa de aposentadoria do Capitão André de Sousa Miranda, Juiz de Paz Suplente, uma audiência, em que o Escrivão de Paz do Distrito de Guamaré, Antonio Carneiro da Costa, tomava por termo uma Petição de conciliação em que eram partes como Autores os Capitães Jacinto João da Ora, Francisco Trajano Xavier da Cunha, José Pedro da Silveira, Tenente Coronel João Marques Carvalho, e como Réus o Capitão João Martins Ferreira e sua mulher Dona Josefa Clara Lessa.”
A essa audiência compareciam, como procurador de José Pedro da Silveira, Tomas Vieira de Melo, e como procurador do Tenente Coronel João Marques de Carvalho da Silva Loureiro, o Coronel Jerônimo Cabral Pereira de Macedo.
Este documento, trás, a meu ver, muita luz à história de Macau, pois nele figuram Jacinto João da Ora e João Martins Ferreira, dados como fundadores da nova povoação, além do Coronel Jerônimo Cabral Pereira de Macedo, que teria mais tarde, grande atuação, na elevação à categoria de Vila e depois Cidade de Macau.
Além disso, as terras em questão eram as sobras denominadas Canafístula, da data do Curralinho, e Águas Novas, do mesmo município, ainda hoje conhecidas por estes nomes.”
Para concluir, transcrevo um registro de casamento na Ilha de Manoel Gonçalves, no ano de 1830, e um batismo em 1840. Lembro que Francisco Lopes Galvão casou na Ilha, em 1835, com Felipa Maria da Conceição.
“Aos dezoito dias do mês de Julho de mil oitocentos e trinta pelas nove horas da manhan na Capela de Nossa Senhora da Conceição da Ilha de Manoel Gonçalves, com minha presença e das testemunhas abaixo nomiadas, se receberão por Esposos presentes, Nicolau Vieira de Mello e Maria Francisca da Fonseca meus fregueses, Dispensados os Proclamas pelo Ilustríssimo e Reverendissimo Senhor Doutor Provisor. O Esposo de vinte e seis annos, filho legitimo dos fallecidos Vicente Correa de Mello e Maria Dantas Faria, a Esposa de vinte e dous annos filha legitima de José Antonio da Fonseca e Maria Magalona, naturaes e moradores neste Assu e sem impedimento logo lhes dei as bênçãos matrimoniaes, sendo primeiramente confessados e examinados na Doutrina Christan, presentes por testemunhas o Capitão João Martins Ferreira e o Capitão Silvério Martins de Oliveira, casados, todos deste Assu, e para constar fis este assento em que me assignei, Joaquim José de Santa Anna, Parocho do Assu.”
O último registro que encontrei, até agora, na Ilha de Manoel Gonçalves, foi o batismo de Maria, filha de Francisco de Sousa e Maria Ferreira, na data de 23 de Novembro de 1843, pelo Coadjutor Francisco Urbano de Albuquerque Montenegro. Esse mesmo Coadjutor esteve batizando no dia 25 em Alagamar, no dia 26 na Boca do Rio e em 1 de Dezembro, do mesmo ano, nas Oficinas.

Damásia Francisca Pereira e a lenda

 
Damásia Francisca Pereira e a Lenda
As tragédias, os escravos, os índios e as lendas estão sempre presentes na genealogia das famílias brasileiras. Algumas lendas parecem ser comuns a muitas famílias. Já vi várias genealogias que começam com a chegada, no Brasil, de três irmãos. Quando buscamos informações sobre nossos ancestrais nos deparamos com muitas surpresas.
No artigo anterior, transcrevemos a Lenda de Damasinha escrita por Aluízio Alves que afirmou, no seu texto: “abriu-se inquérito, ainda hoje existente no cartório de Angicos”.  Não li ainda esse inquérito para conferir as informações ali contidas, mas neste artigo, vamos transcrever alguns registros da Igreja para comparar com o que está escrito na lenda. Em primeiro lugar vamos transcrever o casamento de Damásia Francisca Pereira que era o nome de Damasinha.
Aos onze dias do mês de outubro de mil oitocentos e trinta e um, no Sítio Penedo, desta Freguesia, pelas quatro horas da tarde, depois de obtida a dispensa de impedimento de segundo, e terceiro graus de consanguinidade, e tendo precedido as canônicas denunciações, sem impedimento, confissão, e exame de Doutrina Cristã, ajuntei em matrimônio, e dei as bênçãos nupciais aos meus paroquianos Antonio Lopes Viegas, e Azevedo, e Damásia Francisca Pereira, naturais e moradores nesta Freguesia, ele filho legitimo de Francisco Lopes Viegas, já falecido, e de Anna Joaquina de Azevedo, e ela filha legitima de João Pereira Pinto, e de Michaela Archângela; sendo testemunhas Francisco de Borja Soares Raposo da Câmara, e Francisco Antonio Teixeira, casados. Do que para constar fiz este assento, que com as ditas testemunhas assino. O Vigário João Theotonio de Sousa e Silva.
Pelo registro acima, o marido de Damasinha era Antonio Lopes e não Francisco Lopes, como estava escrito na lenda. Francisco Lopes era na verdade o pai de Antonio Lopes, e, portanto o sogro de Damasinha. Além disso, como Francisco Lopes era irmão de Michaela Archângela, Antonio Lopes era primo legítimo de Damasinha.
Já levantei a hipótese, em outro artigo, que a esposa de Francisco de Borja, Anna Francisca dos Milagres, era filha de João Pereira Pinto e Michaela Archângela. Por isso, o marido dela estava nesse casamento de Damásia. Nesse artigo, consta que Damasinha foi madrinha, em 1832, de uma filha de Francisco de Borja e Anna Francisca dos Milagres.
O outro registro que transcrevemos para este artigo é o óbito de Damásia que também, em diversos outros documentos, é conhecida como Damásia Pereira Pinto, pois era filha de João Pereira Pinto, como visto acima. Diz o registro de óbito:
Damásia Pereira Pinto, mulher de Antonio Lopes Viegas, com a idade de 30 anos, foi sepultada nesta Matriz de grades abaixo a 18 de Agosto de 1844, envolta em branco, e por mim solenemente encomendada. E para constar fiz este assento, em que assino. O padre Félix Alves de Sousa, Vigário Encomendado de Angicos.
Na lenda consta que o crime aconteceu nos festejos do padroeiro de Angicos, São José, em 1843. Por essa informação deveria ter sido, então, nas proximidades do dia 19 de Março de 1843. Entretanto, Damásia Francisca Pereira foi sepultada no dia 18 de Agosto do ano seguinte, como registrado acima. Outro detalhe nesse óbito é que não há nenhuma informação sobre a causa da morte, sempre presente nos registros. Vejamos agora o óbito de Antônio Lopes Viegas, marido de Damásia.
Aos quinze de fevereiro de mil oitocentos e sessenta e nove foi sepultado no Cemitério desta Vila, o cadáver de Antonio Lopes Viegas, morador nesta Freguesia, viúvo, por falecimento de sua mulher Damásia Pereira Pinto, e falecido de um cancro, na idade de setenta anos, pouco mais ou menos, com os Sacramentos da Igreja, e foi amortalhado em branco, e por mim solenemente encomendado. Do que faço este termo, em que assino. O Vigário Félix Alves de Sousa.
Pela informação acima, Antonio Lopes Viegas permaneceu viúvo por 25 anos até morrer, possivelmente, por conta do crime.
Entre os filhos do casal acima, encontramos Pedro, que nasceu em 29 de junho de 1835; Antonio que nasceu em 15 de fevereiro de 1840; e Henriqueta que casou em 1 de julho de 1855, com Antonio Lopes Viegas, filho de Antonio Lopes Viegas e Izabel Maria da Conceição. Depois, enviuvando, Henriqueta casou com o viúvo Antonio Baptista de Oliveira. Os dois casamentos de Henriqueta foram na família Lopes Viegas.
Outra informação que se encontra na Lenda diz: “o tresloucado Lopes vai à casa do seu compadre João Felippe da Trindade, figura de saliência na vida municipal, e comunica-lhe sorrindo, o fato hediondo. Pelos registros da Igreja, João Felippe não era casado nessa época, e tinha apenas 24 anos. Se ele fosse compadre seria por ser padrinho dos filhos de Damasinha, mas não encontrei essa informação. Talvez, o compadre fosse o pai de João Felippe, João Miguel da Trindade.
As lendas, na maioria das vezes, são pedaços de verdades que ocorreram em tempos diferentes, lugares diferentes e personagens diferentes, algumas vezes da mesma família.

A lenda de Damasinha

A Lenda de Damasinha
A lenda de Damasinha é contada por Aluizio Alves no livro “Angicos” e repetida, com algumas alterações, por Zélia Alves no livro “ Angicos, ontem e hoje”. Vamos transcrevê-la para cá, e, em um artigo posterior, vamos comparar as informações que a transmissão oral foi, a cada momento, modificando com os dados colhidos em registros da Igreja. Uma tragédia na família Lopes Viégas. Segue a transcrição.
Contam os antigos que Damasia Francisca Pereira, mulher de Francisco Lopes, parente próximo da família fundadora de Angicos, vivia em perfeita calma na pobreza honrada do seu lar.
Essas duas existências, conjugadas eternamente pelo matrimônio, pareciam ter sido predestinadas, uma à outra, para as doçuras de uma vida feliz, entre os lazeres da criação, e os momentos de repouso.
Um dia, porém, tudo mudou. O marido nega à esposa fiel e dedicada os carinhos costumeiros, passando a tratá-la com grosseria inaudita. Damasinha, alma privilegiada de mulher, boa filha, boa amiga, e que sacrificara o tempo da mocidade às esperanças de um casamento venturoso, compreende a transformação radical, mas assim mesmo, sofre com paciência e resignação.
Uma palavra de desespero sua boca não pronuncia. Um gesto de arrependimento e tortura íntima nuca se lhe escapou. Cada hora que passa, mais Francisco Lopes se revela indelicado e estranho.
 Em 1843, realizava-se na vila a festa do padroeiro. Toda a população católica acorria ao templo, recitando as suas preces de salvação e de fé. Francisco Lopes convida a esposa para assistirem aos festejos do santo patriarca.
Chegando a Angicos, tomam parte nas cerimônias religiosas, como todos os anos. Na véspera do encerramento do novenário, a mãe de Damasinha surpreende na fisionomia da filha o martírio supremo.
Procurou sondar-lhe o coração. Sentiu-lhe mais forte o palpitar da alma, mas, nada obteve, senão a confissão deliciosamente mentirosa de que em sua casa pobre cantava e reinava a felicidade. Longe, porém, de se enganar, o coração materno advinha a tragédia. Vê estampado no rosto da filha o signo involuntário da tortura irremediável.
E como buscasse retê-la a seu lado, livrando-a da grosseria inconsciente do marido, recebe da filha extremosa e esposa fiel a mais resignada negativa.
Voltou o casal para o sito Santa Cruz, onde ficava a casa de sua residência, hoje de Dr. Gilberto Wanderley.
No caminho, Damasia compreende que o desenlace se aproxima. O marido, momento a momento, ferreteia-a com a ponta do punhal. E não se enganou...
Logo ao chegarem, Francisco Lopes manda-a deitar-se na mesa da sala de jantar. A vitima obedece sem relutância.
E ali mesmo, fria e barbaramente, a arma assassina degola a mulher heróica.
Cercando o cadáver de dois círios bruxuleante, o tresloucado Lopes vai à casa do seu compadre João Felipe da Trindade, figura de saliência na vida municipal, e comunica-lhe, sorrindo, o fato hediondo.
Abriu-se inquérito, ainda hoje existente no cartório de Angicos. Francisco Lopes confirmou o assassínio em palavras desconexas.
A morte de Damasinha ecoou dolorosamente. As suas virtudes foram revividas por todos os que a conheciam.
A mesa do seu sacrifício e uma pedra que se alteava do ladrilho irregular, ficaram indelevelmente manchados pelo sangue inocente.
E, diz a lenda, quando o cadáver, acompanhado por grande multidão, chegou à Favela, arrabalde da vila de onde esta se desenhava lindamente, os sinos dobraram sem que ninguém lhes tocasse...
Francisco Lopes, tendo recebido um jato de sangue no peito, viu transformar-se quase que numa única chaga, e, louco, terminou os seus dias miseravelmente. Ainda hoje, entre o tímido fanatismo do nosso povo, existe quem levante os olhos para o céu, numa oração fervorosa à santa Damasinha....
No próximo artigo traremos para cá os registros paroquiais sobre os personagem dessa tragédia, para fazer algumas correções.

A Genealogia do Rio Grande do Norte

 
A Genealogia do Rio Grande do Norte
O mês de Setembro tem sido um mês auspicioso para a Genealogia. Houve um bom avanço neste mês, pois, além de ter sido criado o Instituto de Genealogia, foi realizado o “I Encontro Norteriograndense de Genealogia”.
A Assembléia Geral de criação do Instituto Norteriograndense de Genealogia – INRG ocorreu no dia 17 de Setembro, na sede da Academia Norte-Riograndense de Letras. Nessa oportunidade, Ormuz Barbalho Simonetti foi eleito Presidente do Instituto. Foram eleitos ainda para compor a Diretoria Arysson Soares, Anderson Tavares e Rivaldo Costa (Bibi Costa).
Já o I Encontro Norteriograndense de Genealogia, realização da Prefeitura Municipal de Caicó, ocorreu nos dias 26 e 27 de Setembro, no referido município. Entre os temas discutidos destacamos: famílias seridoenses, família Medeiros, família Carlos, famílias cearenses com liame potiguar, famílias norteriograndenses e famílias serranegrenses.
Entre os participantes salientamos os pesquisadores Francisco Augusto de Araújo Lima, Clovis Lobo, Sinval Costa, Bibi Costa, Joaquim José de Medeiros Neto, Antonio Luiz de Medeiros, Jaécio de Oliveira Carlos, João Evangelista Romão, Olímpio Maciel, Anderson Tavares e Ormuz Barbalho Simonetti.
Esses dois acontecimentos darão um novo rumo aos estudos genealógicos do Rio Grande do Norte, pois permitirá  a troca de informações  entre os vários pesquisadores com maior rapidez. É possível, a partir daí, a construção de um banco de dados com todas as informações coletadas pelos diversos estudiosos da genealogia. Teremos, também, uma biblioteca que reunirá as várias obras já editadas sobre genealogia do nosso estado como também os clássicos da genealogia.
Temos observado que muitos sites de Prefeituras Municipais, ou sobre os Municípios contém erros nas suas partes históricas. Há necessidade de revisão desses históricos muitas vezes baseados em informações que se repetem erroneamente ao longo do tempo. Para corrigir essas informações é necessário que os municípios e o estado se interessem pela preservação, digitalização  e divulgação dos documentos históricos que estão nos cartórios, nas igrejas, nas Câmaras Municipais e nas repartições públicas e organismos privados. Assim, todos terão acesso às informações sobre o passado do município e poderão contribuir para a correção das falhas existentes.
É importante salientar que os registros de óbitos, casamentos e batismos da Igreja contém informações riquíssimas para diversas áreas do conhecimento. Todo esse material digitalizado e acessível ao publico pode gerar muitos trabalhos, monografias, teses de mestrado e de doutorado.
Para encerrar este artigo, contemplo nossos leitores com  a transcrição do casamento de uma índia da Aldeia do Camarão com um escravo vindo do Gentio da Guiné.
“Aos treze de janeyro de mil setecentos e trinta annos na Capella de Nossa Senhora dos Remédios do Cajupiranga desta freguezia de Nossa Senhora da Apresentação do Rio Grande do Norte feytas as denunciaçoens nesta Matris, donde são os Contrahentes freguezes e na dita Capella em cuja Ribeira são moradores e sem se descobrir impedimento em prezença do Reverendo Doutor Bernardo de Payva Freire de licença minha sendo prezentes por testemunhas o Tenente Faustino da Silveira homi  cazado Suzana de Oliveira Dona viúva e Maria Gomes da Sylva mulher do Capitão Francisco Fernandes de Carvalho pessoas conhecidas se cazarão solennemente João Barboza do Gentio da Guinê escravo do Capitão Manoel Raposo da Camera, e Vittoria da Costa forra índia natural da Aldea do Camarão donde veio menina moradores todos na sobredita Ribeira do Cajupiranga desta Freguezia freguezes tudo na forma do Sagrado Concilio Tridentino. E pelo asento que veio do dito Reverendo mandei fazer este, em que por verdade asignei. Manoel Correa Gomes, vigário. Faustino da Silveira”

A descendência do holandês Joris Gartsman

 
A descendência do holandês Joris Garstman
No dia  3 de outubro, próximo passado, completou 364 do massacre de Uruaçu. Comandava a Fortaleza dos Reis Magos, naquele momento, o holandês Joris Garstman.
No livro “História da Fortaleza da Barra do Rio Grande”, Hélio Galvão escreveu: “Na família Lopes Galvão radicada na área de ocupação flamenga, é corrente a tradição de que certa moça dessa família se casou com o holandês Garstman, de onde se originou o ramo Grasciman Galvão. Nossas investigações nos têm conduzido cada vez mais, em aproximações sucessivas, à convicção de que a tradição familiar vem sendo confirmada pelos documentos até agora revelados.” Diz mais adiante Hélio Galvão: “Sabe-se, por outro lado, que o assassínio do sogro de Garstman foi a razão principal que fez deflagrar a escopeta que matou Jacob Rabe. De fato, entre os mortos de Uruaçu está Lostau Navarro, precisamente aquele que a tradição aponta como o sogro do Major Garstman.”
Deduz  Hélio Galvão, por conta da suas exaustivas pesquisas, que Beatriz Lostao Casa Maior, filha de João Lostau de Navarro, se casou com o Tenente Coronel Joris Garstman. Afirma mais ainda que eles são os pais de Teodósio de Gracisman e Isabel de Gracisman. Joris Garstman esteve também no governo da Capitania do Ceará e entregou o forte de São Sebastião em 20 de maio de 1654, partindo em 1º de julho para as Antilhas, tendo morrido de morte natural na Martinica, segundo consta do livro acima. O estranho é que não se encontrou nenhum documento, tanto no Brasil como na Holanda, que registre o nome da esposa de Joris Garstman e nem o destino dela. Tampouco se conhece a esposa de João Lostau de Navarro. De onde surgiu o sobrenome Galvão? Será que não veio da família de Sargento-mor Francisco Lopes que se casou com Joana Dornelles, filha de Maria de Lostao Casa Maior, outra filha de João Lostau, que casou com Manoel Rodrigues Pimentel? O sobrenome Lopes Galvão aparece com mais frequência  nos descendentes de Cipriano Lopes Pimentel, filho de Francisco Lopes e Joana Dornelles. Galvão aparece nos filhos de Teodósio de Graciman, acredito  que por conta de Paula Barbosa, filha de Francisco Lopes e Joana Dornelles. Há que se juntar ainda muitos documentos para se ter conclusões mais precisas. A tradição muitas vezes obscurece a verdade.
Vamos transcrever para cá antigos registros de batismos da Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação onde aparecem familiares do suposto descendente de Garstman, Teodósio de Graciman. Observem as diversas variações do sobrenome que aparecem nos diversos registros da Igreja Católica
“Aos 25 de abril de 691 bautisei na Capella de Santo Antonio de Pebuna (é o nome que consigo ler), a Anna filha do Capitam Thedosio de Grasimã e de sua mulher Paula Barbosa; foi madrinha Dona Antonio de Oliveira; pus lhe os Santos Óleos do que fiz este asento, dia era  ut supra. Reverendo Vigário Gonçalves de Freitas.”
Dona Antonia de Oliveira era a esposa de Theodosio da Rocha como vimos em artigo anterior. Já fizemos referência a Paula Barbosa acima. A batizada pode ser Ana Barbosa de Graciman Galvão.
“Aos 25 de Novembro de 1695 em a Capella de São Gonçalo do Putegi bautizey a Maria filha do Capitam Theodosio Graciman e de sua mulher Paula Barboza; forão Padrinhos o Padre Pedro Pereira e Maria Gomes mulher de Antonio Bautista Pimentel, do que fiz este assento, em que me assigney era ut supra. Basílio de Abreu e Andrade.”
Entre as filhas de Teodósio e Paula, citadas por Hélio Galvão, existe uma de nome Maria Ferreira da Costa.
“Em 30 de Maio de 1703 annos na Capella de Santo Antonio do Potegi baptizei a Gaspar filho do Tenente Gaspar Rebouças e de sua mulher Ursula Leite, forão Padrinhos o Capitão Theodosio da Rocha e Florença de Gracisman, filha do Tenente de Coronel Theodosio de Gracisman. Tem os santos óleos, Simão Rodrigues de Sá.”
“Em 31 de Maio de 1703 na Capella de Santo Antonio do Potegi baptizei a Constantino filho de Paschoal Nunes e de sua mulher Isabel de Freitas; forão Padrinhos o Sargento Mayor Manoel de Abreu Frielas, e Joana de Gracisman filha  do Tenente de Coronel Theodosio de Gracisman. Tem os santos óleos. Simão Rodrigues de Sá.”
O sargento-mor Manoel de Abreu Frielas era casado com outra filha de Joana Dornelles e do sargento-mor Francisco Lopes, de nome Isabel Dorneles. Nas citações de Hélio Galvão o sobrenome de Joana, filha de Theodosio,  é Dorneles. Nesse mesmo documento ele diz que essa Joana Dorneles casou com Antônio Nunes Ferreira. Entretanto, um registro de casamento dá conta que quem casou com Antônio foi Catarina Barbosa
“Em 16 de Maio de 1705 annos na Capela de Santo Antonio do Potegi de licença minha Baptizou o Padre Francisco Bezerra de Goes a Marcelina filha de Manoel da Costa Condestável e de sua mulher Maria de Freitas; forão Padrinhos Joseph Barros do Rego e Custódia Dornellas filha de Theodosio de Gracisman. Simão Rodrigues de Sá.”.  .
“Em 13 de junho de 1710 na Capella do Senhor Santo Antonio Baptizei a Joseph filho de Pedro Filgueira e de sua mulher Custodia de Gracisman; forão Padrinhos Joseph Porrate de Moraes Castro, e a viúva Isabel de Graciman. Tem os Santos Óleos. Simão Rodrigues de Sá.”
O padrinho José Porrate foi apresentado em artigo anterior através do seu casamento com Margarida da Rocha filha de Theodosio da Rocha
No próximo artigo veremos outros registros que denunciam a presença da família Graciman no Jaguaribe.

As dúvidas do Doutor José Augusto

 
As dúvidas do Doutor José Augusto
Doutor José Augusto no livro “Famílias Seridoenses”, em certo trecho do seu trabalho, escreveu; “O fundador da família no Seridó foi, há mais de dois séculos Thomaz de Araújo Pereira, casado com Maria da Conceição Mendonça, (1) rezando a tradição, não sei com que fundamento, que Thomaz era portuguez (2) e Maria da Conceição bahiana, filha de Cosme Soares de Brito e Magdalena de Castro.”
O livro foi publicado em 1940 e sua reedição, pelo Sebo Vermelho, saiu em 2002. Dom Adelino Dantas em seu livro “Homens e fatos do Seridó antigo”, já noticia que Câmara Cascudo encontrou o registros de três netos de Tomaz de Araujo Pereira  e resolveu a questão. Em 1981, Olavo de Medeiros Filho lança seu livro monumental, “ Velhas Famílias do Seridó”, onde transcreve os  registros de batismos  de Thomaz e Hipólito, ambos, filhos de José de Araujo Pereira, um dos filhos de Tomaz de Araujo Pereira. Nesses registros está escrito que  Tomaz é natural  da Vila de  Viana, Portugal,  e Maria da Conceição é  Paraibana.
No livro, Olavo também cita João de Araujo Pereira como um dos filhos de José de Araújo Pereira, através de um assentamento da Companhia sediada em Natal. Acredito que não tenha enxergado o batismo  de João. Assim, para cobrir essa lacuna, e reforçar as origens de Thomaz de Araújo Pereira e Maria da Conceição de Mendonça, como fez Olavo e Cascudo, transcrevo o registro de João.
“Joam filho legitimo do Capitam Jozé de Araújo natural da Freguezia de Santa Anna de Caicó, e de Elena Barboza de Albuquerque natural desta Freguezia, neto por parte paterna do Tenente Coronel Thomaz de Araujo Pereira natural da Villa de Vianna, e de Maria da Conceiçãm de Mendonça natural da Freguezia de Nossa Senhora das Neves da Paraíba e pela materna do Alferes Hipólito de Sá Bezerra natural da Villa de Vianna e de Dona Joana Bizerra de Albuquerque natural desta Freguezia, nasceo aos oito de abril do anno de mil sete centos e setenta e foi batizado com os Santos Óleos de licença minha na Capella de Sam Gonçalo desta Freguezia pelo Padre Miguel Pinheiro Teixeira aos vinte e cinco do dito mez e anno; foram Padrinhos Francisco Pinheiro Teixeira, casado e a viúva Dona Joana Bezerra de Albuquerque. De que mandei lançar este assento, em que me assinei. Pantaleão da Costa de Araújo, vigário do Rio Grande.”
Há um registro de batismo de um filho de José de Araujo Pereira e Elena Barbosa, cujo nome não é legível. Ele nasceu em primeiro de Agosto de mil setecentos e sessenta e seis  foi batizado  na Capela de São Gonçalo do Potigi no dia doze de agosto de 1766. Os padrinhos foram Aurélio José Gomes, casado,  e Rosa Maria Bezerra, solteira e filha da viúva Joana Bezerra de Albuquerque.
Acrescento, ainda,  batismos de netos  de José de Araujo Pereira e Elena Barbosa, bisnetos de Tomaz de Araujo Pereira. Vejamos.
“Anna filha legitima de Antonio Pedro de Araújo e Thereza de Jezus Roxa naturaes desta Freguezia, e nela moradores neta paterna de José de Araujo Pereira, e Dona Helena Barboza de Sá Bezerra e pela materna de Theodosio da Roxa Vieira, e Anna Maria dos Reis nasceo aos onze de julho de mil settecentos e noventa e seis e foi baptizada de licença minha com os Santos Óleos aos vinte do mesmo mez e ano nesta Capella de Sam Gonçalo do Potigi pelo Reverendo José Gonçalves de Medeiros Lisboa; forão padrinhos Teodozio da Roxa Amorim e sua irmã Maria Ignacia de Jesus, solteiros todos desta dita Freguezia, de que para constar mandei fazer este asento em que asigno. Ignácio Pinto de Almeida Castro. Vigário Encomendado do Rio Grande.”
Esse Antonio Pedro pode ser o que aparece no registro citado acima que não consegui ler, por faltar pedaços. No livro de Olavo ele coloca o casamento e o falecimento de Rosa Maria. Aqui acrescentamos o batismo de um filho de Rosa.
“João filho legitimo de João José de Crasto natural do Seridó Freguezia de Santa Anna, e de Roza Maria natural desta Freguezia neto pella parte paterna de João de Crasto Correa e de Izabel Souto Maior naturaes da dita Freguezia do Seridó, e pella materna de José de Araújo Pereira natural da mesma Freguezia do Seridó, e de Elena Barboza natural desta Freguezia nasceo aos vinte e sinco de fevereiro de mil setecentos e noventa e seis e foi baptizado com os Santos Óleos de licença minha, pelo Reverendo José Gonçalves de Medeiros Lisboa na Capella de Sam Gonçalo do Potigi, aos oito de Março do dito anno; forão padrinhos Thomaz de Araujo Pereira solteiro, e Rita filha de Gabriel José de Amorim, moradores nesta freguezia, de que para constar fis este assento em que me asignei, Ignácio Pinto de Almeida Castro, Vigário Encomendado do Rio Grande.”
Doutor José Augusto, na  parte referente aos Dantas Correa, escreve. “Encontro também referencias a Sebastião Dantas Correa, não sei se irmão de Caetano, o qual, em 1745, obteve uma data de terra na Capitania do Rio Grande. “ fala sobre outros Dantas, mas cita também: José Dantas Correa que, em 12 de Junho de 1788, pertencia ao Senado da Câmara de Natal.
Sebastião Dantas Correa casou em 1735 com Anna Silveira. No documento de casamento consta que seus pais eram José Dantas Correa e Izabel Pimenta da Costa naturais de Ponta de Lima, Arcebispado de Braga. Diz mais no documento que ele morou em Piancó. Caetano era filho de José Dantas Correa e Izabel da Rocha Meireles. Ele de Portugal e ela da Paraíba. Há muita coincidência entre os nomes dos pais de Caetano e Sebastião. Podem ser irmãos, sim. Precisamos descobrir se são duas isabel ou uma só.Quanto a José Dantas Correa que ele cita como membro da Câmara, é o filho de Sebastião Dantas Correa e Anna da Silveira que casou em 1765 com Anna Maria da Conceição filha de Lourenço de Araujo Correa (natural do Porto) e Elena Duarte de Azevedo, esta última descendente dos mártires de Uruaçu, Antonio Vilela Cid e Estevão Machado de Miranda.
Doutor Toscano me avisa que há erros no livro “Florania”, editado pela Fundação José Augusto, sobre o pai de Joaquim Theodoro da Cruz e Manoel Rodrigues da Cruz. Não era Lourenço da Rocha, mas, sim Thomaz Lourenço da Cruz casado com Maria Rosa do Nascimento. Com essa informação há muitos descendentes em Angicos e Florania de Tomaz de Araujo Pereira (2º), inclusive o Tenente Laurentino Theodoro Cruz, citado por Pery Lamartine no livro “Coronéis do Seridó. No próximo artigo trataremos disso.

Alguns registros do início do século XIX

 Alguns registros do início do século XIX
Algumas genealogias pecam por falta de maiores detalhes. Algumas criam confusões quando não citam datas. Eu, particularmente, prefiro, sempre que possível, fazer as transcrições dos registros da Igreja com os detalhes que eles trazem. Aqui neste artigo transcrevo casamentos do início do século XIX.
“Aos vinte e cinco de fevereiro do ano de mil oitocentos e dois pelas cinco horas e meia da manhã nas casas de Residência do Coronel Francisco da Costa e Vasconcellos no lugar chamado Coité: depois de feitas as denunciações na forma do Sagrado Concilio Tridentino nesta freguesia aonde ambos são moradores e naturais: e não constando canônico ou civil impedimento e que se vê dos banhos e mais papeis que ficam em meu poder: em minha presença e sendo aí como testemunhas o capitão-mor Jerônimo Teixeira, casado, e o tenente-coronel Manoel Ignácio Pereira do Lago, viúvo, ambos moradores nesta Freguesia se casaram em face da Igreja solenemente, e por palavras de presente o coronel de milícia Joaquim José do Rego Barros filho legitimo do Mestre de Campo Francisco Machado de Oliveira Barros, e de sua mulher D.Antonia Maria Soares de Mello com D.Maria Angélica da Conceição e Vasconcellos, filha legítima do coronel de cavalaria desta cidade Francisco da Costa e Vasconcellos e de sua mulher D. Maria Rosa Teixeira. E logo lhes dei as bênçãos  segundo os Ritos e Cerimônias da Santa Madre Igreja. Do que tudo fiz este termo que por verdade assinei. Feliciano José Dornelles, Vigário Colado.”
O lugar chamado Coité é hoje Macaíba. Joaquim José do Rego Barros foi presidente de nossa Província no período 1821/1822.
“Aos vinte e três de agosto de mil oitocentos e três pelas oito horas da noite nesta Matriz depois de feitas as denunciações na forma do Sagrado Concilio Tridentino nesta Freguesia aonde ambos os Nubentes são moradores, e o Nubente natural: e não constando canônico impedimento como se vê dos banhos que ficam em meu poder: em presença do Padre Simão Judas Thadeo de minha licença e sendo presentes como testemunhas o capitão José Xavier e o capitão Francisco Antonio Carrilho, brancos, casados, e moradores nesta Freguesia pessoas bem conhecidas se casaram em face da Igreja solenemente, e por palavras de presente o cabo de infantaria Lourenço José de Gouveia, branco, filho legitimo de José Bezerra de Lira e de sua mulher Genoveva Maria da Conceição com D. Mariana Felícia, branca, natural da Praça de Pernambuco, de onde veio de menor para esta Freguesia, filha legítima de José Leitão de Almeida e de sua mulher D. Maria Felícia dos Santos, já falecidos, e logo o dito Padre lhes deu as bênçãos segundo os Ritos e Cerimônias da Santa Madre Igreja do que tudo fiz este termo que assinei. Feliciano Dornelles Vigário Colado.”
José Leitão de Almeida, português, era Professor Régio em Recife. Seu filho mais famoso foi Agostinho Leitão de Almeida que atuou durante certo tempo aqui no Rio Grande do Norte e depois seguiu para Desterro, hoje Florianópolis. Um filho de Agostinho de nome José Leitão de Almeida casou com Ana Trompowski. Eram os pais do Marechal Roberto Trompowski. O capitão Francisco Antonio Carrilho, testemunha acima, era casado com Dionísia Soares irmã do coronel de milícias Joaquim José do Rego Barros, o nubente do primeiro registro acima. Agostinho Leitão foi casado com Antonia Maria Soares de Mello, mesmo nome da avó, e filha de Francisco Antonio Carrilho, Europeu,  e Dionísia Soares. A segunda esposa de José Leitão de Almeida, Francisca Xavier, era filha do Mestre de Campo Francisco Machado.
Pela Wilkipédia, erroneamente, diz que  o pai de Agostinho era Francisco Leitão de Almeida. A mesma Wilkipédia dá como uma esposa de Agostinho, Josefa Martins de Macedo, que foi, na verdade, sua segunda esposa.
Do primeiro casamento de Agostinho, nasceu um filho de nome José, mas que não deve ter sobrevivido. Do segundo casamento com Josefa nasceu o filho José, como aparece no registro a seguir: José, filho legítimo do capitão Agostinho Leitão de Almeida e de Josefa Martins de Macedo, neto paterno de José Leitão de Almeida e Maria Felícia, e materno de Matias Cabral de Macedo e Isabel Francisca da Costa, nasceu aos 19 de outubro de 1819, e foi batizado pelo Reverendo Padre Manoel Pinto de Crasto aos 7 de dezembro do mesmo ano, sendo padrinhos o alferes Manoel Antônio Cabral  de Macedo e Dona Maria de São José de Macedo, na Capela do Senhor Bom Jesus das Dores, da Ribeira.
Vale salientar que na internet consta a informação que José Leitão de Almeida, esse que foi casado com Ana Trompowsky, nasceu em 1818. Para confirmar mais ainda seu nascimento em 1819, como aparece no registro de batismo, encontramos que José Leitão de Almeida, foi sepultado no Rio de Janeiro, com a idade de 51 anos, aos 12 de dezembro de 1870, tendo falecido de Angina.
A seguir o casamento de um membro da família Ribeiro Dantas celebrado por um irmão de Padre Miguelinho.
Aos vinte e sete de agosto de mil oitocentos e quatro pelas oito horas da noite e nas casas de moradia do capitão Antonio José de Sousa e Oliveira por licença do Reverendíssimo Governador do Bispado Manoel Vieira de Lemos e Sampayo que também dispensou os banhos das naturalidades e moradias de ambos os nubentes que ficam em meu poder: e não constando canônico ou civil impedimento: em presença do Padre Manoel Pinto de Castro, de minha licença: e sendo presentes como testemunhas o capitão Antônio José de Souza, casado, e morador nesta Freguesia e o alferes Manoel Ferreira Cordeiro solteiro e morador na Vila de S. José, se casarm em face da Igreja solenemente, e por palavras de presente, o tenente Estevão José Dantas, natural da Freguesia da Senhora Santa Anna da Vila de São José, filho legítimo do coronel Miguel Ribeiro Dantas, já falecido, e de sua mulher D. Antonia Xavier de Barros com D. Maria Joaquina de Souza natural desta Freguesia, e filha legitima do capitão Antonio José de Souza e de sua mulher já falecida D. Joanna Ferreira de Mello, e logo o dito Padre lhes deu as bênçãos segundo os Ritos e Cerimônias da Santa Madre Igreja do que fiz este termo que por verdade assinei. Francisco José Dornelles, Vigário Colado.
José Leitão de Almeida, batismo