segunda-feira, 28 de maio de 2012

D. Águida Torres e o major Bernardo Pinto de Abreu

João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN e membro do IHGRN e do INRG
 Águida Torres, conhecida por tia Dona, era filha de Francisco Avelino da Costa Bezerra e D. Josefa Maria da Costa Torres, lá dos Angicos. Quando escrevi meu primeiro livro, Servatis ex More Servandis, a única informação que tive dela era que seu marido foi o pernambucano Bernardo Pinto de Abreu. Deste último não tive, durante muito tempo, nenhuma informação, por mais que procurasse.

Meu avô, Cícero Avelino, irmão de D. Águida, foi batizado em 8 de junho de 1884, em Angicos, tendo como padrinhos o Bacharel José Moreira Brandão Castello Branco, e sua filha, Justina Deodata Moreira Brandão. Resolvi descobrir quem eram esses padrinhos. Recebi das mãos do Professor Marinho uma cópia do livro "Moreira Brandão", escrito por um sobrinho de mesmo nome. Nesse livro, de ótima qualidade, aprendi muito sobre o ilustre deputado provincial, Moreira Brandão.  Além disso, encontrei referências ao Professor Francisco Pinto de Abreu, casado com Dona Maria Suzana Teixeira de Moura, que por isso, foi, durante um curto espaço de tempo, dono do Ferreiro Torto. Tentei, então, descobrir se havia alguma relação de parentesco entre Bernardo e Francisco, mas nada.

Depois de certo tempo, familiares me disseram que Bernardo era dono do Ferreiro Torto, e imaginei que havia certa confusão por parte dos informantes.
Resolvi então localizar os descendentes de Bernardo e Águida, com a ajuda dos meus tios. Tio Laércio Avelino me passou o telefone de tio Francisco Avelino, que mora no Rio, pois o mesmo convivia com Manoel e Fátima Pantoja, filhos do Raimundo Pantoja d'Oliveira, militar do exército, e Maria Pinto de Abreu, esta última filha de Bernardo e Águida.

Do contato com Fátima e Manoel Pantoja, a primeira informação que recebi era que o Professor Francisco Pinto de Abreu era filho de Bernardo Pinto de Abreu e de Cândida Gonçalves de Oliveira (não havia certeza sobre o sobrenome dela). Desse consórcio, além de Francisco Pinto de Abreu, houve mais três filhos, a saber: Emília Pinto de Abreu, João Pinto de Abreu e Manoel Pinto de Abreu.
Segundo Fátima e Manoel, Bernardo casou, depois de enviuvar de D. Cândida, com D. Águida Torres e dela teve os seguintes filhos: Maria Pinto de Abreu, José Pinto de Abreu, Rosália Pinto de Abreu, a única ainda viva, e, hoje, com 104 anos, e Benedito Pinto de Abreu.

Entrei em contato com D. Rosália, que mora em Recife. Como ela estava um pouco doente pediu para eu falar com Irene, filha dela. Segundo Irene, Bernardo Pinto de Abreu era natural de Goiana, Pernambuco, e lá dono de Usina. Ele foi residir em Angicos, por conselho médico, porque sofria de asma. Lá alugou uma casa, vizinha a de Águida, e por ela se apaixonou.

Conversei com Anderson Tavares, que eu andava no encalço da relação entre Bernardo Pinto de Abreu e o Professor Francisco Pinto de Abreu, sobre quem ele postou uma matéria no seu blog. Pouco dias depois, Anderson me enviou umas notas do antigo Jornal da Manhã, do ano de 1913, que ele trouxera do Rio de Janeiro. A primeira nota é um documento que confirma parte das informações recebidas. Estava escrito: Ontem, pela manhã (27 de fevereiro de 1913), faleceu na vila de Angicos, onde há 14 anos fixara residência, o respeitável cidadão major Bernardo Pinto de Abreu, nosso dedicado amigo e correligionário.

O Major Abreu, que gozava de geral estima pelos seus predicados de caráter e de coração, era natural de Pernambuco, tinha 72 anos de idade e casara-se em segundas núpcias, naquela vila, com a Exma. Sra. D. Águida Pinto. Deixou do primeiro consórcio quatro filhos maiores, e do segundo quatro menores.

A todos da família, enlutada, especialmente à Exma. D. Águida Pinto, Dr. Pinto de Abreu, nosso distinto colaborador, e major Manoel Pinto de Abreu, chefe da Estação Telegráfica do Apodi, viúva e filhos do extinto, apresentamos nossas condolências.

A República da época publicou nota semelhante. A segunda nota, enviada por Anderson, era um convite expedido por Francisco Pinto de Abreu e esposa para a missa, na Sé, às 8 horas do dia 5 de março, pela alma do seu estremecido pai e sogro Bernardo Pinto de Abreu.

Outra informação, extraída do livro "Moreira Brandão", que encontrei recentemente, confirma as conversas com os netos de Bernardo Pinto de Abreu. João Pinto de Abreu, filho do major Bernardo, casou com Anna da Fonseca Moura, irmã de Áurea da Fonseca Moura, que foi casada com Francisco Xavier Pereira de Brito, pais do Ministro da Saúde, no governo de Castelo Banco, Raymundo de Moura Brito.

Sobre o Professor Francisco Pinto de Abreu, que foi, também, diretor do Atheneu, recebi a informação de Irene que ele casou uma terceira vez com uma pernambucana de nome Anunciada e teve desse último consórcio dois filhos, Marcelo e Maria da Apresentação.
Francisco Pinto de Abreu criou seus irmãos menores, filhos de Bernardo e Águida. Dona Águida, depois que enviuvou, teve uma filha de nome Rita, cujo pai não descobri ainda o nome.

Observação - Por fim, encontrei o casamento de minha tia-avó com Bernardo Pinto de Abreu, donde extraio o seguinte -



Águida Avelino Torres, de 22 anos, filha de Francisco Avelino da Costa Bezerra, falecido, e Josefa Avelino Torres, tinha se casado, em 1 de julho de 1902, na Vila de São José dos Angicos, em casa de Francisco das Chagas de Azevedo Sousa, com o capitão Bernardo Pinto de Abreu, de 59 anos, viúvo, natural de Goiana, Pernambuco, filho de José Pinto de Abreu e Francisca Sales Ribeiro, falecidos, sendo testemunhas Vicente Ferreira Xavier da  Cruz, 32 anos, e Cosme Teixeira Xavier da Carvalho Filho, de 38 anos.
Testemunhas do casamento de Águida e Bernardo