terça-feira, 8 de janeiro de 2013

A chegada dos Rodrigues de Sá e a viúva Maria


João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, sócio do IHGRN e do INRG
Quando Dom Domingos Lorêto escreveu sobre Dona Eugênia Rodrigues de Sá, mãe de Caetano de Mello de Albuquerque, disse que ela era filha natural do Doutor Simão Rodrigues de Sá, que depois se tornou presbítero, mas não comentou se ele tivera outros filhos. 

Os Rodrigues de Sá chegaram aqui no Rio Grande com o Reverendo Vigário confirmado da Paroquial de Nossa Senhora da Apresentação, Simão Rodrigues de Sá, pois eles só começam a aparecer depois do primeiro batismo assinado pelo dito vigário. Quem eram esses primeiros Rodrigues de Sá?

Genovesa Rodrigues de Sá e seu marido Diogo Mello batizaram Maria em 1702, tendo como padrinhos o padre Miguel de Carvalho e Maria Phelipa Nery, filha da viúva Maria Fernandes de Araújo.

Flávia Rodrigues de Sá e seu marido Sebastião Cardoso Batalha batizaram Augustinho, em 1705, tendo como padrinhos o padre Simão Rodrigues de Sá e Dona Eugênia Rodrigues de Sá. 

Felipa Rodrigues de Sá e seu marido Urbano Leitão Martins batizaram Lourença, em 1706, tendo como padrinhos D. Eugênia Rodrigues de Sá e padre Simão Rodrigues de Sá.

Luiza Rodrigues de Sá e seu marido Joseph Barbosa de Sousa batizaram Joseph, em 1707, tendo como padrinhos o padre Simão Rodrigues de Sá e Maria Phelipa Nery, mulher de Joseph Monteiro.

Matheus Rodrigues de Sá e sua mulher Violante Dias, batizaram Clara, em 1708, tendo como padrinhos José Nolasco Pereira e a viúva Maria Fernandes de Araújo.

A presença da viúva Maria Fernandes de Araújo e de sua filha Maria Phelipa Nery, nos batismos dos Rodrigues de Sá, chama a atenção e por isso merece destaque. Quem eram elas e que relações tinham com os Rodrigues de Sá?

Maria Phelipa e seu marido Joseph Monteiro batizaram, em 1706 Phelipa, tendo como padrinhos o padre Simão Rodrigues de Sá e a viúva Maria Fernandes de Araújo, avó materna de Phelipa; José Fernandes de Sousa era filho da viúva Maria Fernandes de Araújo, e portanto irmão de Maria Phelipa. Ele foi padrinho de Perpétua, filha de Domingos Lopes e Dória Fernandes de Souza, em 1708. Dória parece ser outra irmã de Maria Phelipa. Outro filho de Domingos e Dória, Asenço, teve como padrinhos João Fernandes de Sousa, também, filho da viúva. Mais ainda, o padre Antonio de Araújo e Sousa, foi padrinho de Angélica, filho de Domingos e Dória.

Façamos agora uma viagem pelas sesmarias para descobrir mais relações entre os personagens acima. Em 1706, eles receberam datas de terras, quase sempre próximas uma das outras. Vejamos.

Em 8 de abril de 1706, o padre confirmado da Paroquial Nossa Senhora da Apresentação, Simão Rodrigues de Sá e Joseph Monteiro, genro da viúva Maria Fernandes de Araújo, receberam terras entre a pedra da Arara e a serra do Sabugi e Sabauhu, com um riacho a que chama o gentio Caurahu que vem do rio "Patachoca"  e vai correndo para a parte do Rio Potengi; em 3 de maio de 1706, foi feito o registro de uma data de terras para Caetano de Mello de Albuquerque e a viúva Maria Fernandes de Araújo, nas testadas das terras do riacho Carauhu, do Vigário Simão e de Joseph Monteiro; nessa mesma data foi feito um registro de datas de terras para o Vigário Simão e Antonio de Araújo de Sousa, pelo Rio Salgado abaixo, que parte do caminho que vai para Assú, para a parte do mar e pedra Redonda; ainda em 1706, quem recebeu terras, nas proximidades do rio Carauhu, foram Matheus Rodrigues de Sá e Domingos Lopes; por fim, é feito um registro de terras em favor do ordenando Antonio de Araújo e Souza,  das terras doadas para ele por sua irmã Eugenia Rodrigues de Sá  e o cunhado, capitão Manoel de Mello e Albuquerque, no sitio Guarapes. Esse Antonio de Araújo e Sousa aparece em 1708, já como padre.

A grande dúvida que fica é sobre o parentesco da viúva Maria Fernandes de Araújo com o padre Simão Rodrigues de Sá. Suspeito que ela era mãe de alguns irmãos de Eugênia Rodrigues de Sá. Um assentamento de praça, de 1743, dá notícia que certo José Fernandes de Sousa era filho de Manoel Fernandes de Sousa, natural do Porto. Talvez, esse fosse o esposo da viúva Maria. Outra pergunta que faço: Qual a relação de Eugênia e seu pai, o Vigário Simão Rodrigues de Sá, com o Cônego Simão Rodrigues de Sá e outra Eugênia Rodrigues de Sá, residentes em Olinda, que receberam terras, em 1681, em Caruaru?

Vem aí um novo livro de artigos: Mais notícias genealógicas do Rio Grande do Norte

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