quinta-feira, 20 de junho de 2013

A morte de um grande jornalista

Por João Felipe da Trindade


Aqui neste blog já postamos alguns artigos sobre o jornalista Pedro Avelino. Hoje, nós trazemos para cá a notícia do seu falecimento, em 20 de julho de 1923, que foi publicada em um jornal do Rio de Janeiro, onde ele atuava nessa época.

No jornal "Gazeta de Notícias", datado de sábado, 21 de julho de 1923, foi feito um artigo que tinha o seguinte título:
A morte do grande jornalista - Quem foi Pedro Avelino e o seu enterro ontem. Vamos ao artigo:

A hora adiantada em que recebemos a dolorosa comunicação do falecimento, anteontem do grande jornalista que foi Pedro Avelino, e a angústia de espaço em que lutamos, não nos permitiram dar na nossa edição passada uma notícia mais detalhada do nefasto acontecimento.

Fazemo-lo hoje, entretanto, rendendo ao morto ilustre a homenagem a que tem direito e que conquistou  a golpes de inteligência e de trabalho.

Pedro Avelino, que era uma organização perfeita de batalhador, nasceu em Angicos, no Rio Grande do Norte, a 19 de maio de 1861, filho do advogado provisionado Vicente Avelino e de Dona Ana Bezerra Avelino; começou a lutar pela vida muito cedo, como empregado no comércio em Pernambuco, onde residiu, de 1879 a 1884, época que regressou à capital do seu Estado. As tendências do seu espírito estavam, então, perfeitamente definidas, e o moço ardoroso, em 1891, entrava para a redação de "O Caixeiro". Desde essa data, a sua atividade mental foi prodigiosamente fecunda, empenhando-se em polêmicas de caráter político e social, através dos quais conquistou a indiscutível reputação de um dos maiores jornalista de Norte, tanto no Rio Grande do Norte, como em Pernambuco, onde dirigiu " O Pernambuco" e fundou posteriormente " A Pátria".

Vindo para o Rio de Janeiro em 1910, depois de ter dirigido, em Natal, com grande brilho, a "Gazeta do Comércio", fez parte do "Comércio do Brasil", de Alfredo Varella, e fundou o "Correio do Brasil". Aqui militou no jornalismo político, escrevendo no "O Paiz", no "A Imprensa", de Alcindo. na "A Epoca", "Correio do Norte", "A Tarde" e  "A Razão". Em 1911, foi nomeado prefeito do Acre ( Departamento de Juruá), cargo que exerceu até 1912. Em 1916, foi nomeado ajudante de Tesoureiro da Central do Brasil, cargo em cujas funções ainda se achava.

Casado, em 1886 (casou, na verdade, em 27 de outubro de 1885), com Dona Maria das Neves Alves Avelino, desse consórcio deixou cinco filhos: Georgino Avelino, diretor do "Rio Jornal", Vicente Avelino, funcionário consular; D. Maria Albertina Leite, esposa do engenheiro Leite Junior; D. Isolina Avelino Waldvogel, esposa do Sr. Luiz Waldvogel, e Camilo Avelino, nosso companheiro do "Rio Jornal".

O seu enterramento realizou-se ontem as 4 horas da tarde, no cemitério São Francisco, saindo o féretro da rua Jockey Club, nº 261.
O nosso distinto colega Dr. Georgino Avelino diretor do "Rio Jornal", filho do querido jornalista desaparecido, tem recebido inúmeros telegramas, cartões e visitas pessoais de pêsame as quais juntamos os nossos.

Notícias de Albertina Avelino Leite

Por João Felipe da Trindade
jfhipotenusa@gmail.com

Uma das filhas do jornalista Pedro Avelino e de sua esposa Maria das Neves Alves de Sousa era Maria Albertina Avelino. Vejamos o seu batismo:

Aos 4 de janeiro de 1888, nesta Matriz, batizei solenemente à Maria, natural desta Freguesia, sendo padrinhos José Francisco Alves de Sousa e sua mulher Maria Ignácia Alves da Silva, nascida a 4 de dezembro de 1887, e filha legítima de Pedro Celestino da Costa Avelino e Maria das Neves Alves Avelino, livres, brasileiros, moradores nesta Freguesia, do que mandei fazer este assento, em que assino. O vigário Felis Alves de Sousa.
Os padrinhos foram os avós, pais de Maria das Neves. 

Albertina foi aluna e professora do Colégio Americano, aqui em Natal. O nosso presidente Café Filho, em suas memórias para o Diário da Noite, de 2 de abril de 1958, conta o seguinte episódio:

Recordo-me de uma visita de grande repercussão, feita ao Colégio Americano. Tratava-se do presidente Afonso Pena. Acabara de ser eleito e realizava uma excursão pelo Norte. Diretores, professores e alunos, todos consideravam uma honra excepcional aquela presença. Promoveu-se uma festa brilhante com Hino Nacional e demais pompas do estilo. Mas verificou-se  uma ausência que produziu viva impressão: a de uma professora, Albertina Avelino, irmã do Senador Georgino Avelino, que recusou adesão às homenagens porque seu pai era oposicionista. Meu espírito de menino emocionou-se com aquele exemplo de coragem, numa época e numa província em que as vinganças e perseguições politicas costumavam ser esmagadoras. Ainda hoje, como adulto, ao evocar o episódio, sinto-me tentado a refletir com admiração nas reservas de bravura cívica e resistência política, dispersas pelo interior do país, subsistindo a quaisquer perigo e sacrifício, como que servindo de fontes de inspiração e estímulo para os homens públicos, em hora de desânimo.

O Diário do Natal, de sábado, 9 de novembro de 1907, trazia a seguinte notícia:

Realiza-se hoje a tarde o casamento do ilustre Dr. José Leite Júnior com a gentil e inteligente senhorita Maria Albertina, dileta filha do nosso prezado amigo e confrade - major Pedro Avelino.

O Jornal do Brasil de terça-feira, 10 de agosto de 1943, noticiou o falecimento de Albertina. 

Faleceu sábado último em Niterói, onde residira há longos anos e onde (ilegível) se fizera estimar pelos seus inegáveis predicados de inteligência e de coração, a Exma. D. Albertina Avelino Leite, esposa do engenheiro Leite Junior, antigo funcionário da Diretoria de Obras da Prefeitura da capital Fluminense.
A pranteada senhora que desaparece aos 56 anos de idade exerceu por muito tempo o magistério primário no Estado do Rio Grande do Norte, de onde era natural, ali deixando uma valorosa tradição de seus conhecimentos pedagógicos que eram em verdade incomuns, ao par de uma cultura clássica admirável.
Era a Exma. Sra. D. Albertina Avelino Leite mãe da Sra. Maria Antonieta Guimarães,  esposa do tenente do Exército Amadeu Queiroz Guimarães e da Srta. Maria Júlia Leite, sendo seus irmãos os Srs. Drs. Georgino Avelino, nosso confrade de imprensa  e escrivão da 3ª Vara da Fazenda Pública; Camilo Avelino e D. Isolina Avelino, causando a sua morte profunda consternação nos nossos círculos intelectuais e sociais.