terça-feira, 28 de janeiro de 2014

O sargento-mor Valentim Tavares de Mello


João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, sócio do IHGRN e do INRG

Pedro Arruda, lá de Fortaleza, pede notícias de Manoel Gonçalves Branco, seu ascendente, através de Francisco de Oliveira Banhos. Diz, também ser descendente de Tomé Lopes Navarro. Em um dos meus artigos, escrevi sobre o “homem do Reino”, Manoel Gonçalves Branco. Ele é ascendente de muitas famílias deste Brasil. Neste artigo, vamos escrever sobre seu filho, Valentim Tavares de Mello, começando pelo batismo.

Em 27 de fevereiro de 1707, nesta Paroquial de Nossa Senhora da Apresentação, batizou, o Padre Coadjutor, a Valentim, filho do capitão Manoel Gonçalves Branco e sua mulher Catharina de Oliveira. Foram padrinhos o Padre Antonio Rodrigues Fontes e Thomás de Brito Ferrás. Tem os santos óleos. Simão Rodrigues de Sá.

Vinte anos depois, encontramos Valentim sentando praça, como soldado raso, nesta Capitania do Rio Grande. É um registro interessante, pois descreve, fisicamente, o assentado.

Valentim Tavares de Mello, morador nesta Capitania, filho legítimo de Manoel Gonçalves Branco, e natural desta Capitania, de idade de vinte anos pouco mais ou menos, de estatura baixa, seco do corpo, e alvarinho do corpo, digo, do rosto, cabelo crespo e castanho, olhos pardos, sobrancelha grossa, cara redonda, senta praça de soldado raso, nesta Companhia do capitão Francisco Ribeiro Garcia, por sua vontade, e mandato do dito capitão, e intervenção do Provedor e Vedor Geral, o capitão Domingos da Silveira, em quatorze de dezembro de mil e setecentos e vinte e sete, vencendo dois mil e quatrocentos reis/mês, e por ano vinte e oito mil e oitocentos réis, a saber: quinze mil e trezentos e sessenta réis em dinheiro, e, em farda, treze mil e quatrocentos e quarenta réis, na forma da ordem de sua Majestade, em que há por bem o acrescentamento dos soldos que se acha registrada nesta Provedoria a folha 142,verso, do livro 1º do Registro. Caetano de Mello e Albuquerque.

Os pais de Catharina de Oliveira e Mello, eram Francisco de Oliveira Banhos e Antonia Tavares de Mello, por isso, o sobrenome de Valentim.

Em 8 de junho de 1733, Valentim  já era capitão, e apareceu como testemunha, junto com o irmão, sargento-mor Gregório de Oliveira e Mello, no casamento de Victoriano da Frota e Maria Gomes de Sá. Nessa data, ambos eram solteiros, e o pai, Manoel Gonçalves Branco, já era defunto. Em 4 de novembro de 1734, passou a sargento-mor da Cavalaria da Ribeira do Assú, do Regimento do coronel Miguel Barbalho Bezerra, por patente do senhor capitão-mor João de Teive Barreto de Menezes.

Em 1735, ele casa pela primeira vez, pois em outros documentos aparece casado com Luzia de Albuquerque. Vejamos o registro do casamento que encontramos.
Aos dezoito de julho de mil setecentos e trinta e cinco anos, nesta Matriz de Nossa Senhora da Apresentação, da cidade do Rio Grande do Norte, feitas nela as denunciações, e na Igreja de Nossa Senhora do O’ da Missão do Mipibu, perto de onde morou a contraente, e na capela de Nossa Senhora dos Remédios, próxima a qual é o lugar onde mora, apresentando-se um mandado do Reverendíssimo Vigário Geral, o doutor Antonio Pereira de Castro, em que dava (frase ilegível, mas parece uma liberação ) o impedimento ao contraente da promessa feita a Paula das Quintas, e me mandava os Recibos por palavras, sem se descobrir mais algum, sendo presentes por testemunhas, o Reverendo Padre Manoel Pinheiro Teixeira, o sargento-mor Dionísio da Costa Soares, Dona Eugênia de Oliveira e Mello (irmã de Valentim), mulher do dito, e Catharina de Oliveira, dona viúva, pessoas todas conhecidas, e moradores desta cidade, assisti ao matrimonio que entre si contraíram o sargento-mor Valentim Tavares de Mello, filho legítimo do capitão Manoel Gonçalves Branco, já defunto, e de sua mulher Catharina de Oliveira e Mello, e Angélica de Azevedo Leite, filha legítima do coronel Carlos de Azevedo do Vale, e de sua mulher Izabel de Barros, moradores e naturais desta Freguesia, e logo lhes dei as bênçãos, guardando-se em tudo a forma do Sagrado Concilio Tridentino, do que mandei fazer este assento em que por verdade assino. Manoel Gomes Correa.

Dona Angélica deve ter falecido pouco depois e Valentim casou com Luzia de Albuquerque. Maria Manoela, filha de Valentim e Luzia, casou em 20 de maio de 1766, na Matriz de Nossa Senhora da Apresentação, com o viúvo Estevão Cunha de Mendonça. Este último casal gerou um filho que recebeu o nome do avô, Valentim Tavares de Mello, e que casou em 1802, com Thereza Maria de Jesus, filha de Jerônimo da Costa e Anna Maria Pereira. Jerônimo era filho de João da Costa Almeida e Catharina de Oliveira e Melo, sendo esta última filha natural de Gregório de Oliveira e Mello, irmão de Valentim.

Naquela época as pessoas não ficavam viúvas por muito tempo. No dia primeiro de novembro de 1748, o capitão Manoel Gomes da Silveira, viúvo de Florentina de Mello, esta filha de Estevão Velho de Mello e Joanna Ferreira de Melo, casou com Luzia de Albuquerque Melo, viúva do sargento-mor Valentim Tavares de Melo. 
assentamento de praça de Valentim Tavares de Mello



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