quarta-feira, 22 de abril de 2015

José Gomes Camello e Elena da Paixão


João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Matemático, sócio do IHGRN e do INRG.
Nem todos os registros do passado são confiáveis. Vários deles contêm erros de transcrição. Alguns assentos da Igreja eram baseados em termos que vinham dos padres que celebravam as cerimônias. Estes já continham erros e aqueles transcritos, mais equívocos ainda. Em cada registro de um filho de determinado casal, encontramos informações diferentes. Nos registros referentes ao nosso personagem de hoje, José Gomes Camello, encontramos informações diferentes sobre sua naturalidade ou sobre a legitimidade de sua filiação. Vamos começar, inicialmente, com o casamento de José e Elena.

Aos nove de junho de 1766 anos, na capela de Nossa Senhora da Conceição de Jundiahi, filial desta Matriz, corridos os banhos nesta Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação, naturalidade da nubente, e na Capela do dito Jundiahy, (ilegível) da naturalidade por parte do nubente, de licença minha, se casaram, pelas três horas da tarde, Joseph Gomes Camello, natural da Cidade de Olinda, filho ilegítimo de João Gomes Camello, e de Cosma de Olanda, já defuntos, naturais da mesma Freguesia, com Elena da Paixão, e Souza, natural desta Freguesia, filha legítima de Theodósio de Mendonça Luna, e de sua mulher Joanna Gomes de Oliveira, todos naturais desta Freguesia, na presença de Reverendo Padre Joseph Rodrigues Ferreira, e logo lhes deu as bênçãos nupciais, conforme os Ritos da Sagrada Igreja, sendo presentes por testemunhas que na certidão vieram assinadas, e que fica em meu poder, o tenente Bartholomeu Peres de Gusmão, e Manoel Carvalho de Paiva, do que mandei fazer este termo pelo Reverendo Padre Coadjutor João Tavares da Fonseca, por me achar enfermo, pelo teor do dito assento, em que por verdade me assino. Pantaleão da Costa de Araújo, Vigário do Rio Grande.

O primeiro filho do casal acima foi Manoel, que nasceu em 1 de novembro de 1767 e foi batizado aos 21 de dezembro do mesmo ano, na Capela de São Gonçalo do Potigi, tendo como padrinhos José Gomes de Mendonça e Maria José da Conceição, mulher de João da Silva. Nesse documento, José Gomes aparece como exposto e natural da Freguesia de  Nossa Senhora do Rosário da Várzea, e os avós paternos não são citados. Em um assentamento de praça, encontro que: Manoel dos Santos Camello, pardo, solteiro, morador no Ferreiro Torto, de idade de vinte e oito anos, filho legítimo de José Gomes Camello, senta praça, por ordem do governador interino, e intervenção do Doutor Vedor Geral, em 27 de dezembro de 1788. Mais adiante, encontro registros de filhos de Manoel dos Santos Camelo, com sua mulher Francisca da Conceição, moradores da Mangabeira, já nos anos de 1800.

Em 5 de julho de 1769, era batizado Floriano, na Capela de Jundiahy, tendo como padrinhos o capitão Francisco Costa Teixeira e sua filha Josefa, não disseram o dia do nascimento, nem os nomes dos avós paternos.

Em 20 de dezembro de 1771 nascia Domiciano, mesmo nome do avô. Seu batizado foi no dia 17 de janeiro de 1772, na Capela de Jundiahy, e teve com padrinhos o capitão Francisco da Costa Teixeira e sua filha Dona Francisca Bezerra.

Francisco nasceu aos 14 de janeiro de 1774, e foi batizado aos 5 de fevereiro do mesmo ano, na Matriz, tendo como padrinhos Theodósio de Mendonça e a filha Leocádia. Sua naturalidade é dada como sendo a Cidade de Olinda.

Miguel nasceu aos 11 de outubro de 1874, e foi batizado, não diz em qual Igreja,  aos 13 de novembro do mesmo ano, sendo padrinhos o alferes Domingos João Campos, e dona Maria Joanna, filha de Bartholomeu Peres. Nesse batismo José e seus pais são dados como naturais de Apipucos, em Pernambuco.

Bonifácia nasceu aos 4 de janeiro de 1781 e foi batizada, em São Gonçalo,  aos 11 de fevereiro do mesmo ano, tendo como padrinhos o capitão Francisco da Costa Jr., solteiro, e Anna Rosa, filha de Thomé de Sousa.

Elias nasceu aos 26 de novembro de 1784, na Capela da Senhora de Santa Anna do Ferreiro Torto, tendo como padrinhos o tenente-general José da Costa, filho do coronel Francisco da Costa de Vasconcellos, e Josefa Maria. Não é citado o dia do batismo.

José foi batizado aos 20 de junho de 1886, na Capela da Senhora de Santa Anna do Ferreiro Torto, tendo como padrinhos José Fernandes, filho de Nicácio Sousa, e Anna Antonia, mulher do dito Nicácio. Nesse batismo José Gomes Camello é dado como natural do Recife, filho de João Gomes Camello e Luisa Cavalgante.

Maria Angélica da Conceição, filha de José Gomes Camello e Elena da Paixão, casou com Luiz Gonzaga de Freitas, natural da Freguesia de São Pedro Gonçalves do Recife, filho legítimo de José Gomes Pinheiro e sua mulher Josefa da Paz de Freitas, aos 18 de maio de 1803, na Matriz, na presença do Padre Simão Judas Tadeu, e tendo como testemunhas, o  sacristão Gonçalo José Dornelles e o tenente Alexandre de Mello Pinto.

Agora, o registro de um neto do casal, José e Elena: Pedro, branco, filho de João Gomes de Oliveira e de Rita Francisca Tavares, nascido em 31 de março de 1798, foi batizado na Capela de Santa Anna do Engenho Ferreiro do Torto, em 22 de abril do mesmo ano, neto paterno de José Gomes Camello e de Elena da Paixão, e pela materna de João Cardoso e Anna Tavares. Foram padrinhos Balthazar de Souza e sua esposa Joanna Batista. Sua naturalidade é dada como da Freguesia da Sé.

Theodósio de Mendonça Luna, pai de Elena, era filho natural de Domiciano da Gama Luna e de Francisca da Costa, e casou, em 1 de setembro de 1739, na Matriz, com Joanna Gomes de Oliveira, que era filha de David Rodrigues de Oliveira e Narcisa Gomes da Costa. Domiciano era filho de Francisco da Gama Luna e de Paula Barbosa. José Barbosa de Sousa, irmão de Domiciano, foi casado com Maria de Oliveira e Mello, filha de Francisco de Oliveira e Mello e de Leonor de Mello e Albuquerque. Em 1710, Francisco da Gama foi padrinho de um filho de Manoel da Costa Bandeira. Suspeito que Francisco da Gama Luna era filho de Antonio da Gama Luna e Maria Borges.
 
David Rodrigues de Oliveira e sua mulher Narcisa Gomes faleceram no mesmo ano de 1771, ele com cerca de 80 anos, e ela com mais de 70 anos. Entre os irmãos de Joana Gomes de Oliveira, encontramos, através de assentamentos de praça, Antonio Rodrigues Sepúlvida, Eugenio Gomes Sepúlvida e Agostinho Rodrigues Gomes. Antonio Rodrigues Sepúlvida foi casado com Thereza Antonia de Jesus, filha de Maria José de Mello, segundo o batismo de David, filho do casal. Uma irmã de Joana, de nome Thereza Maria, foi casada com João da Cruz, filho de João Lins da Silva e Leonor Lins da Silva, todos de Olinda. No registro do filho Felis, consta que David Rodrigues de Oliveira (também Sepúlvida), era natural de Igarassú.

Não encontrei irmãos de José Gomes, mas de Elena da Paixão, sim: Francisco Gomes de Mendonça que era casado dom Ignácia Gomes da Anunciação, filha de Nicácio Gonçalves e Joanna Francisca Gomes (Tracunhaém); Maria Gomes, casada com Bernardo Gonçalves, também filho de Nicácio e Joanna; José Rodrigues Gomes, que casou com Joanna Francisca, filha de Nicácio Gonçalves e Joana Francisca; Manoel da Costa de Mendonça, que casou com Maria Felipa, filha de Agostinho Cardoso Batalha e de Thereza de Jesus. Ainda, em 29 de junho de 1754, nascia Joana, filha Theodósio e Joanna Gomes.
Domiciano Gama Luna